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Letters and words

Letters and words

Lonesome Dreams

 

 

Caro leitor,

 

Gosto de música indie (entre outras). Cada vez mais. Gosto particularmente da música indie norte-americana. Não é a primeira vez que me dou conta que muitos dos indies passam quase ou completamente despercebidos cá por Portugal. Pity. A banda indie que inspira esta carta é Lord Huron. A carta e a escritora agradecem à banda a inspiração e a escritora retribui em forma de carta, esperando contribuir, ainda que de forma pequena, para a divulgação da banda.

Deparei-me com o álbum de estreia Lonesome Dreams por acaso - the best things come to you unexpectedly. Entre teclas tocadas apressadamente no computador e músicas selecionadas por mim no youtube, deparo-me com uma música que entra literalmente nos meus ouvidos sem pedir permissão. Era "Ends of the Earth". A simplicidade dos acordes iniciais, a voz do cantor, a letra e o refrão apanharam-me instantaneamente. Pouco tempo depois já tinha devorado as músicas do álbum de 2012 e visualizado todos os vídeos disponíveis.

Os vídeos deste álbum encaixam perfeitamente na melodia e na história contada. São pequenas historias retratadas ao estilo dos westerns dos anos 70, que eu tanto me habituei a ver - influências do meu pai. Feche os olhos e ouça a música de "In the wind", por exemplo, ou os primeiros acordes de "Ends of the Earth". Não fazem lembrar um western? Uma cena em que o herói cavalga por desfiladeiros, ou por montes? Ou o momento em que parte em direção ao pôr-do-sol? (ora aqui está uma palavra cuja grafia não parece ser unânime, após o AO).

Anyway, para quem gosta de westerns ou para os nostálgicos ou simplesmente por curiosidade, o youtube tem uma selecção dos vídeos desta banda e deste álbum em específico, Check it out!

Podia dizer quais são as minhas faixas preferidas. A verdade é que o álbum está muito bem equilibrado. Pessoalmente, não encontro uma faixa mais fraca que as outras. Gosto da simplicidade das letras, da voz do vocalista, dos vídeos e gosto muito, mas muito da música.

Espero que goste da sugestão...

 

 

 

 

Guilty pleasures

 

Caro leitor,

 

Todos nós temos prazeres dos quais não nos orgulhamos ou, pelo menos, não os espalhamos aos quatro ventos. Ora porque as ideias preconcebidas dos outros, a jeito de "peer pressure" ou até mesmo de bullying pscicológico, criam em nós uma vergonha, um receio de espalhar estes nossos gostos menos populares ou demasiado populares. Ora, porque nem sempre pode ser tema de conversa.

Aqui elenco, em tom de confissão, os meus.

 

Taylor Swift- Confesso que as músicas dela não me são indiferentes. Não sou uma fã incondicional, mas dou por mim a trautear algumas delas e, às vezes, fico espantada com o talento da jovem artista. Afinal, a cantora, compositora e "serious dater", ganhou e continua a ganhar inúmeros prémios. Aqui fica a minha preferida, do último álbum. Gosto da batida e da letra, ainda que seja sobre o Harry Styles! Mas, se fosse a selecionar uma música da Taylor que não falasse de alguma relação passada, não tinha muito por onde escolher. https://www.youtube.com/watch?v=-CmadmM5cOk

Reality shows - sou fã há anos do The Amazing Race -USA que deve estar na série 26 e do The Block-AUS, gosto de MasterChef Aus, e é verdade que não posso dizer que nunca vi um Big Brother ou uma Casa dos Segredos.

Músicas dos anos oitenta - podia fazer aqui uma "final countdown" das mais emblemáticas, das que permitiram e permitem ainda uma "safety dance" estranha do género "walk like an egyptian", das que, tal como um bom"thriller", me entusiasmam e que me dão a genica "before I go go" trabalhar numa dessas "manic mondays", ou das que me fazem sentir "forever young" e como se estivesse num "heaven".

São músicas do tempo velhinho do telefone com fio encaracolado onde ainda se telefonava para simplesmente dizer "I just called to say I love you", onde "ebony and ivory" ainda viviam juntos em perfeita harmonia e onde as canções eram mais "true". Músicas onde "maneater" não era sinónimo para Jennifer Lopez, onde se dançava "all night long", ainda que fosse "dancing in the dark" e temendo o "footlose" do vizinho de pista de dança e onde as "reggae nights" eram mesmo reggae nights. Músicas onde "every breath you take" não era um episódio de Grey's anatomy onde morre mais uma personagem principal ou onde "take my breath way" não era considerado um incentivo à eutanásia."Everybody wants to rule the world" era só uma canção e "she drives me crazy" não resultava em homicídio passional. "Broken wings" não era um desejo de "bad boy" Lopetegui - sim, Jesus, como eu te compreendo. Também eu não sabia se era Jotolopetegui ou Lopetegui.

Só nesta década poderia uma canção como"tarzan boy" ser um êxito. "Don't get me wrong", eu reconheço um certo "invisible touch" na canção.

Nós que passamos pela década de 80 conscientes e que nunca dissemos " i just died in your arm" afirmavamos: "I wanna know what love is". "I should have known better" que a década de 80 seria apenas "another brick in the wall" para muitos e que não compreenderiam esta relação. Não era propriamente uma década para se saborear "red, red wine".

As músicas dos anos oitenta são intemporais, "time after time"!

Ó, músicas dos anos 80, "nothing's gonna change my love for you". Vós sabeis, "say you, say me", que o nosso amor é um "higher love" e eu uma "slave to love"."I'll be loving you forever" (a referência os New Kids On The Block era crucial). "Nothing's gonna stop us now". "They'll never tear us apart" - tum, tum, tum, tum . (má onomatopeia, eu sei. Aceitam-se substitutos)

Eu não quero, eu não vou deixar estas músicas caírem no esquecimento. Se tiver que "save a prayer" eu faço. "Don't dream it's over", Sandra - alguém diria. "With or without you" as músicas permanecerão, mas "wouldn't it be good" se tivessemos a certeza?

 

Ó musicas dos anos 80, "take on me". Ó musas, "I've had the time of my life"," never gonna give you up".

 

 Amantes das músicas da década de 80: "We are the world"."NEVER SAY GOODBYE".

 

"If you don't know me by now", caro leitor, fique a saber que este é o meu guiltiest pleasure. Espero que isto não o afaste de mim. "Don't you forget about me" da próxima vez que entrar no mundo dos blogues.

 

 

 

P.S. Esta carta é dedicada à "Kayleigh".

 

 

R.I.P. Anita

Caro leitor,

o meu amor pela leitura surgiu cedo e muito graças a uma menina que, apesar de ser muito pequenina, mostrava levar uma vida muito preenchida. Seu nome era Anita. Era.

Parece que a "doutora" globalização quer agora que todos os livros mantenham o nome original, Martine. Será que todos os paises por onde passeia este delicioso livro vão aceitar este retorno ao nome original? Hummm...

Não sei se as crianças portuguesas, ou dos outros países que engenhosamente adotaram nomes mais nacionais, se vão interessar pela vida interessante da Martine. Afinal, quantas Martines encontram elas no infantário ou na escola primária? Hummm, provavelmente mais do que eu imagino. Esta doutora globalização!!!!!!

Anyway, não foi a Martine que me ensinou que para aprender a nadar não há nada melhor que uma touca cor-de-rosa, ou que para aprender a andar de bicicleta temos de cair alguma vez. Não foi a Martine que me mostrou como é facil ser uma dona de casa e até mesmo cozinhar (uma versão 2D do MasterChef Junior). Foi sim com a Anita que aprendi que a viagem num navio pode ser divertida. Foi com a Anita que aprendi o que era um herbário e foi ela que me incentivou a fazer o meu - composto apenas por dois exemplares banais. Foi ela que me espicaçou a imaginação.  Rest in peace, Anita.

 

Post Scriptum: aqui fica um link de algo que considero "à propos". Aproveite e releia uma história da Anita com esta música de fundo. O Marco Paulo é que sabia!

https://www.youtube.com/watch?v=GIaMjHKhulE

 

Viagens: Prólogo

 

Caro leitor,

Enquanto ser humano em busca de algo inatingível, eu viro-me para as viagens. Curtas ou longas, low-cost ou não tão low-cost (até à data não tenho planos para nenhuma high-cost - ainda não ganhei o euromilhões), a sítios inimagináveis em mim ou a sítios presentes nos meus sonhos.

Quando me debruço sobre esta carta, constato que a viagem não é algo novo para mim. Estava quase a afirmar que tudo começou com uma viagem de interrail  (note to self: carta sobre a aventura interrail num futuro próximo). Mas na verdade, sempre fui uma viajante. Desde tenra idade que me lembro de fins de semana, férias festivas e escolares, passadas na terra dos meus pais, aldeia literalmente nas margens do Douro vinhateiro. Mas o que me recordo mais são as viagens efetuadas entre o ponto de partida e o ponto de chegada. Inicialmente de comboio e de barco, e depois de carro. Nessas viagens físicas deixava-me levar numa outra viagem. A da imaginação. Numa primeira instância, esta viagem tinha como pano de fundo a paisagem acelerada e filtrada por uma janela de um comboio. A viagem da imaginação dava os primeiros passos, ao som e ao ritmo do comboio, interrompida por vezes pelas brincadeiras de crianças.

Mais tarde, a viagem física passa a fazer-se de carro, com banda sonora sempre presente. Repertório bastante diversificado e que se estendia desde os anos 50 até aos 80, desde a França até a Inglaterra, desde a Espanha até a Itália, desde os distantes E.U.A. até à Suécia, ou até mesmo à Grécia (Kalimera e Oikos para todos os leitores gregos). E é esta banda sonora e a paisagem fugidia que vislumbrava da janela do carro do meu pai que despoleta uma viagem da imaginação sem precedentes. O mote era dado pela música e aí partia eu para mundos semelhantes ao meu, mas para vivenciar experiências distintas. Podia estar a ser conduzida na viagem física, mas na viagem da imaginação era eu quem tinha mão nas rédeas.

Ainda hoje existe em mim, sempre a par da viagem física, uma viagem da imaginação. Antes mesmo de partir na viagem física, já a viagem da imaginação se iniciou. Na pesquisa de informação relativamente ao destino que nunca deixo de fazer,  na ansiedade miudinha que se infiltra em mim, na antevisão que teimo em fazer, e nos sonhos que se apoderam de mim.

Antes da viagem, existe em mim um prólogo.

...

Letters and words

Lettres et mots

Cartas, letras e palavras

 

 

Caro leitor,

As letras, palavras, cartas, que se seguirão nos meses e anos futuros (whisful thinking!), surgem com um único propósito: libertá-las, na esperança que alguém as apanhe e se sirva delas.

Serão letras, palavras, cartas que refletem as minhas impressões sobre a vida, no geral, e sobre aquilo que me inspira. Nelas verá refletido o meu amor pela literatura, pelo cinema e pelo teatro, o gosto pela fotografia, a paixão incondicional pela viagem (seja ela física, emocional, intelectual, sensorial ou onírica), e o meu "witty sense of humour". Posso acreditar que tenho um, não posso?

As letras, palavras, cartas que lerá (whisful thinking!) surgirão sem aviso prévio, sem encontro marcado, sem continuidade regrada. Algumas palavras poderão nem sempre surgir na língua materna, o português. Irá, caro leitor, por certo, encontrar muitas expressões em inglês (fruto do meu trabalho), em francês, espanhol e italiano, consequência do meu amor pelas línguas. Prometo que surgirão sempre “a propos” e nunca forçadas.

Não pretendendo entrar em contradição com o que fora escrito no primeiro parágrafo, escrevo estas letras, palavras, cartas, para si, Caro leitor, aliás mantendo-me fiel a toda a minha escrita. Escrevi sempre para si, para ti, o meu primeiro leitor. O mais crítico, o mais conhecedor, o mais inquisidor: eu própria. Afinal, todo o escritor é um leitor.

 

My task ... is to make you hear, to make you feel—

and, above all, to make you see.

That is all, and it is everything.

—Joseph Conrad