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Letters and words

Letters and words

Old school - 4

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Caro Leitor,


Neste (fim de) mês quente de agosto trago-lhe um tesourinho que o refrescará. Um thriller com um pouco de terror, não fosse ele baseado num dos inúmeros livros do prolífico autor de terror Stephen King. Quem não se lembra do assustador "The Shining"?
"Misery" foi um filme que vi há muito tempo, na televisão, pois ainda era muito pequena quando saiu em 1990. Lembro-me de ter gostado, e é claro que me lembro perfeitamente da memorável cena da marreta, e da voz angelical/ demoníaca da enfermeira Annie Wilkes, mas muitas mais coisas passaram despercebidas na mente de uma pré-adolescente.
Neste filme, James Caan interpreta o escritor Paul Sheldon que acabado de finalizar o seu novo romance se vê prisioneiro dos cuidados da sua fã numero 1, a enfermeira Annie Wilkes interpretada por Kathy Bates. Os diferentes estádios da loucura de Annie Wilkes valeram a Kathy Bates um dos poucos óscares atribuídos a filmes de terror.


Quando o vi pela primeira vez, lembro-me de pensar na improbabilidade de algo similar acontecer - pois, era muito pequena e ainda não sabia como tinha morrido John Lennon . Hoje em dia, seria facilmente concebível que uma fã dos One Direction "apanhasse" um dos membros desta boyband e o não deixasse fugir, para assim viverem felizes para sempre...


Gosto das pequenas homenagens ao processo de escrita - I am a writer at heart - como, por exemplo, a cena do papel para a máquina de escrever, onde o poder da palavra escrita se revela quando a palavra "smudge" se transforma em algo visual, ou a importância dos twists e a sua génese, muitas vezes rebuscada.

O filme conta ainda com a participação especial de Lauren Bacall.

Praha (3)

 Caro leitor

 

Segunda

O dia anterior fora bastante preenchido e terminara com algumas dores nos pés, por isso o plano traçado seria acordar um pouco mais tarde, entre as 8.30 e as 9.00. In hindsight deveríamos ter efetuado o check-out logo após o pequeno-almoço, desapareceria assim a preocupação de chegar ao hotel antes do meio-dia o que nos daria mais tempo para visitar. O nosso voo seria por voltas das 17h.

Após o pequeno-almoço, dirigimo-nos a pé até uma igreja de Santa Ludmila, muito bonita como comprova a foto.

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Apanhamos depois o metro até a estação mais próxima da Dancing House.

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Só a fomos ver porque pensava mesmo que a distância dali até Vyšehrad seria curta - não o é. Mas passo a explicar. Já que estávamos junto ao rio decidimos verificar que elétrico nos levaria para sul, para próximo de Vyšehrad. Deveríamos ter apanhado o metro linha C, com saída na estação Vyšehrad.

Como não sabia que saída seria a mais adequada para este castelo no percurso do elétrico, decidi sair quando o avistasse. A paragem que se seguiu ao avistamento é um pouco longe, levando-nos para o lado sul, depois do túnel. Quando saímos avistamos o castelo lá no cimo de um planalto, mas como subiríamos até lá, não nos ocorria. O tempo escasseava. Perguntamos a uns trabalhadores que limpavam as árvores e eles também não sabiam como ir dali até lá em cima.

Nunca deveríamos ter ido pela margem do rio.

Ainda tentamos refazer o percurso no sentido contrário e sair na paragem logo a seguir a esta, mas o castelo lá continuava bem no alto.

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Acho que se percebe a razão por detrás da construção destas fortificações em lugares altos - os inimigos não conseguem penetrar, nem os turistas menos preparados. Assim sendo, e porque o tempo escasseava, apanhamos um outro elétrico e mudamos novamente para apanhar o 22 até à paragem mais próxima do nosso hotel. Fizemos o check-out pouco antes do meio-dia, deixamos as malas e fomos à procura de algo para ver nas 2 horas restantes.

Tinha no meu plano alguns pontos naquela zona e perto do nosso sítio das mini sandes. Assim, fomos de metro até a estação de comboios para tirar fotos à lindíssima cúpula e depois foi apenas seguir as indicações até à Sinagoga Jerusalém. Lindíssima por fora. Para ver o interior paga-se e nós não tínhamos tempo.

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Procuramos a torre que víamos sobrevoar os telhados e encontramos uma outra igreja (pelo caminho vimos um jovem adulto que nos ultrapassou - não por ser jovem adulto - e que mal chegado às imediações da igreja começou a coxear e a pedir esmola). Tomámos novamente o elétrico que nos levou mesmo à porta da superfície comercial onde compraríamos as sandes no Ovocny Svetozor. Estas mini sandes variam entre, mais ou menos, as 20 e as 25 coroas. Seguindo as dicas do Janek, compramos as nossas lá e dirigimo-nos para a outra saída, em direção ao jardim e aí, após encontrar um banco à sombra, almoçamos sossegadamente, como verdadeiros praguense, com vistas para um belo jardim.

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Regressamos hotel onde esperamos pacientemente pelo transfer.

Na primeira noite da nossa chegada, perguntei ao motorista como poderia saber a hora do transfer para o aeroporto dali a 3 dias. Tranquilizei-me quando me disse que o habitual era o transfer estar no hotel 2h30 antes do voo e nunca mais pensei no assunto. Como o nosso voo era depois das 17h, chegamos ao hotel às 14h o que nos daria tempo de sobra. Esperamos calmamente até às 14h30 na receção do hotel, mas por volta das 14h45 já estávamos a desesperar. Leio melhor os papéis fornecidos pela agência e vejo para além da menção "fale com o motorista acerca do horário do transfer para o aeroporto" - que foi o que fiz - uma indicação de um site. Acedi ao site e, após digitar o número da reserva de transfer, rapidamente me dá a informação de que o nosso transfer era para as 12h - 2h30 antes. Desesperamos um pouco. Falei com a receção que me informa que efetivamente esteve um motorista as 12h no hotel para nos buscar. Ligo para o número de emergência que consta dos papéis e explico a situação. Fico em standby enquanto verificam se há um transfer ali por perto a ocorrer no preciso momento. Informam-me que sim e que dentro de 5 minutos me ligariam a confirmar o transfer. Passam 5 minutos e passam 10 minutos e eu já a pensar que ter aprendido algum checo me vai fazer jeito agora que vou cá ficar retida. Decido ligar novamente. Tinham se esquecido de nós - não do nosso transfer que já estava agendado, mas da confirmação via telefone. Os 10/15 minutos foram stressantes. O transfer demorou quase 45 minutos do hotel até ao aeroporto. Fizemos o check-in rapidamente, pois já todos o deviam ter feito. Confirmamos que até ao encerramento da porta de embarque tínhamos mais de 45m.

Missão seguinte e verdadeiramente impossível: desfazer-nos das coroas suecas. Ainda tinha  quase 400 coroas checas e depois de comprar umas wafers famosas e o delicioso bolo de mel ainda me restavam quase 100 coroas.

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Consegui ainda comprar 3 postais, mas fiquei ainda com umas moedas. Chegamos à porta de embarque onde fomos recebidas como personae non gratae com um "Vejam lá se chegam à porta de embarque atempadamente da próxima vez". Passo ligeiro até à porta do avião onde, como deve calcular, toda a gente nos olhou de alto a baixo - mas talvez fosse só a minha imaginação, pois não percebo por que razão o fariam, afinal ainda faltavam 15 minutos. Minutos depois, uns bons 10 minutos, chegam dois rapazes muito mais atrasados que nós - imagino que nunca poderão regressar à República Checa depois de tal atraso.

E foi assim que regressamos, safe and sound, a um país que ardia por dentro.

 

 P.S. Em breve uma carta com dicas para optimizar a sua aventura em Praga.

Praha (2.2)

Caro Leitor,

Domingo (tarde)

 

Depois do almoço, a caminhada fez-se em direção à Ponte Carlos, novamente. O objetivo, desta vez, era experienciá-la em plena confusão dos turistas e vendedores. Mas antes, uma subida obrigatória a uma das torres que servem de abertura para a ponte. A informação recolhida parecia indicar que a vista de uma delas (Old Town Bridge Tower) era mais interessante. Não me arrependi de escolher apenas esta e confirmo que valeu a pena o bilhete (90 coroas). Encontrei a torre praticamente deserta - pouco passava do meio-dia - e quando cheguei lá em cima, depois de visitar os patamares inferiores e de mostrar o bilhete novamente, fiquei surpreendida por ser a única turista lá. As vistas para o rio Vltava e para a Ponte Carlos são fantásticas e a ponte proporciona uma vista de 360º deslumbrante - digna de postal. A Ponte Carlos abre-se em toda a sua glória.

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 Apesar de ser a Ponte Carlos a imagem dominante, há muito que ver de cá de cima: a parte velha da cidade, os seus telhados, a ilha Kampa, etc.Daqui se percebe, mais uma vez, a denominação "cidade das cem torres".

Não me apetecia sair dali. A calma lá em cima era contrabalançada pela agitação lá em baixo. Das conversas da multidão que passeava apenas sons indistintos escapavam e vinham repousar cá em cima. Por vezes, notas musicais voavam até à torre e perdiam-se no céu de Praga.

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A solidão que experienciava cá em cima dava azo à introspeção e esta ditava que permanecesse ali até já não ser mais possível. Saí quando um turista mais estranho apareceu e embrenhei-me na multidão. No piso inferior encontra-se um museu com objetos encontrados no rio. Entre eles uma bilhete de identidade de um jovem português. E esta, hem?

Atravessamos novamente a ponte, desta vez repleta de gentes (turistas e vendedores) e descemos, antes do seu término, nas escadas à nossa direita. Rumamos em direção a Kampa, passeamos um pouco, e já quando estavamos a caminhar em direção ao museu Kafka deparamo-nos, para minha surpresa, com o Muro Lennon.

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 Era perfeitamente dispensável - já o sabia de antemão - e só seria procurado no caso de termos muito tempo - o que seria pouco provável. No entanto, como apareceu-nos no caminho, lá se tirou a foto da praxe, junto do Muro Lennon, que nada tem a ver com o emblemático John Lennon. Estava apinhado e era difícil encontrar uma parte do muro com uma mensagem mais significativa e apropriada ao nome que carrega. Depois de tirada a foto apercebi-me que tenho por cima de mim a cidade Istambul. I wonder what this could mean?  Curiosidade: o muro pertence aos Cavaleiros de Malta.

Depois uma breve passagem pela ponte de onde se vê o moinho de água (Grand Priory Mill) e o duende que o guarda seguiu-se uma caminhada sem pressas pelas calmas ruas e ruelas de Kampa em direção ao Museu Franz Kafka.

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Que pena já termos almoçado! Difícil resistir a Czech food cooked with love, ainda para mais num cenário como este (este restaurante tem uma grande varanda virada para o moinho e para o duende) Conseguimos encontrar Vinárna Čertovka, a rua mais estreita do mundo, sem estar naquele momento à procura dela. Acho que ia passar-nos despercebida. Em Praga temos que olhar em todas as direções e para todos os buraquinhos (nooks and crannies).

 

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 Seguiu-se o museu Franz Kafka, só o seu exterior, e mais para ver a escultura humorística onde 2 homens mecanizados urinam para um mapa da Republica Checa.  De acordo com o The Guardian, podemos enviar uma mensagem para o número que se encontra perto da escultura e os mesmos homens escrevem-na com a ajuda dos seus pénis e da água que flui deles. Não, não cheguei a tentar - mas só mesmo porque não fazia ideia disso, claro.

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 Seguimos para a ponte Manésuv, para tirar fotos à ponte Carlos e depois de a atravessarmos caminhamos (300m) até Joseov, o bairro Judeu. Aqui esperamos 20 minutos na fila e adquirimos o bilhete que incluía a sinagoga Espanhola, Pinkas e Klausen , The Ceremonial Hall, o cemitério judeu e a Galeria Robert Guttmann pelo preço de 300 coroas mais 70 coroas para fotografar.

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Regressamos à praça da cidade velha para presenciar o espetáculo do Orloj. Sabia de antemão que não seria nada de especial - gosto mais do de Santa Catarina, no Porto - já tinha lido comentários de visitantes que referiam que o verdadeiro espetáculo era observar os turistas que esperam, de câmara em punho, prontos a filmar, e de cabeça para o ar.

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 O céu estava azul e límpido e o calor apertava e todo o espetáculo não durou um minuto. Se por lá passar, veja o espetáculo - também não será um minuto perdido que fará muita diferença.

Na busca de souvenirs,(e aqui vai encontrar muitas lojas do género) reencontramos o Grand Café Orient - a pouco mais que 100m da praça - e decidimos provar naquele momento - meio da tarde - o tão famigerado bolo Medovnik.

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DELICIOSO!

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 Húmido, fofo, uma mistura de mel, noz e creme, que resulta num bolo que mal entra na boca se desfaz. Delicioso! Como aliás se pode ver pelas fotos. Já disse que era delicioso?

Continuamos a ver as lojas de souvenirs. Passamos por debaixo da Torre de Pólvora até que encontramos a Casa Municipal.

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Nota: ontem, enquanto fazia zapping, deparei-me com um filme do Vin Diesel, acho que se chama Triple X. Já o tinha visto há muito tempo, mas não me lembrava que se passava em Praga, Curiosamente, meu zapping levou-me ao preciso momento em que  aparece a Casa Municipal, que imediatamente reconheci. É claro que fiquei a ver mais um pouco e surgem efetivamente lugares familiares. Curiosidade: nessa cena do restaurante surgem lugares que supostamente estariam pertíssimo uns dos outros, mas na verdade nem por isso.

 

Como havia souvenirs para comprar em Malá Strana decidimos ir outra vez ao complexo do castelo mas desta vez entraríamos pelo lado norte. Apesar de não entrarmos pela entrada principal, não deixei de a procurar e ver o pátio e a famosa entrada do render da guarda. Esta entrada do lado norte dá também para os jardins e temos uma bela vista da Catedral de São Vito.

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 Depois apanhamos o 22 para o hotel onde deixamos as souvenirs compradas. Partimos para a praça velha novamente para o jantar tipicamente checo. A variedade e abundância não têm ali lugar, por isso sugiro que encontre outra zona para jantar ou mesmo almoçar. Encontramos Svjek - restaurante a evitar.

(Quando me preparava para escrever esta carta fui espreitar o que dizia o Tripadvisor sobre o restaurante - não que este site seja muito fidedigno - e os primeiros comentários que li eram negativos, muito negativos. Confirmo que são verdadeiros).

 Ao preço que se lê no menu à entrada deve acrescentar-se o couvert obrigatório - um roubo descarado de 100 coroas por pessoa por 1 pão miniatura e 1 tacinha com uma colher de manteiga sem sal e, desta vez, com salsa como condimento. O serviço é lento e pouco simpático, uma vez que só nos informam da obrigatoriedade do couvert depois de nos sentarmos  e de termos pedido - o inglês que falam é trapalhão e com o barulho circundante pouco se percebe - e a comida não é nada de especial. 298 coroas pelo prato checo (svíčková na smetaně). A carne é super macia e saborosa, mas o molho para mim é demasiado doce. Teria ficado melhor com o guláš ou até mesmo com o queijo frito.

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Entramos no restaurante sabendo que as coroas que tínhamos eram suficientes para o jantar, mas com surpresa do couvert começamos a fazer contas à vida enquanto esperávamos pelo jantar que tardava. As coroas checas não davam para cobrir o extra mencionado pois queríamos que nos restassem moedas para comprar bilhete de metro para o hotel. Já nos víamos a lavar pratos ou, na pior das hipóteses, ou talvez melhor, a fugir. Pensamos em ir levantar dinheiro enquanto esperávamos pela comida, pensámos depois em pagar com cartão e quando nos lembramos dos euros que tínhamos, decidimos pagar com euros. Quando o empregado vem apresentar a conta e nos vê com euros (notas e moedas) informa-nos que não aceitam moedas em euros. Really? Aproveita também esta altura para nos falar da gorjeta - os famigerados10% - que é mais ou menos mandatória em Praga. Really? A paciência já se esgotava.

 

Concluindo: pagamos em euros (notas) e os trocos tiveram que ser em coroas, não demos gorjeta, e acho que ele ainda ficou a perder, enganando-se em algumas coroas ao fazer a conversão.  No final da noite, já sem moeda checa, só notas, viemos a pé para o hotel. É difícil arranjar alguém amável que te troque uma nota de 200 coroas em moedas e como as tabacarias estão fechadas, só poderíamos comprar bilhetes nas máquinas das estações com moedas. A caminhada que não era longa custou-nos um pouco, pois o dia tinha sido muito preenchido e tínhamos palmilhado muito. O trajeto de 2 km levou-nos até à Praça Venceslau e possibilitou-nos ver onde ficava o restarante Ovocný Světozor, recomendado pelo Janek, e onde iríamos no dia seguinte experimentar outro prato típico da cidade.

Desta noite o que se aproveitou foi mesmo a praça. As diferentes luzes voltadas para os monumentos deixam a praça numa penumbra que nos transporta para o passado e os monumentos ganham contornos fantasiosos. Esta é uma das minhas fotos preferidas. Sem photoshop, sem qualquer filtro e sem qualquer conhecimento de fotografia - aliás foi tirada com o meu telemóvel, como a maior parte das fotos.

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 P.S.  O segundo dia de visita à cidade foi em cheio, como pode comprovar pelas duas cartas necessárias para albergar tanta informação. Os nossos pezinhos ressentiram-se mas as memórias trazidas deste dia foram as melhores.

Quando estou de férias, à descoberta de algo, sou definitivamente uma madrugadora (gosto mais da expressão "early bird").

“Lose an hour in the morning, and you will be all day hunting for it.” ~Richard Whately

Praha (2.1)

Caro Leitor,

Domingo

Rise and shine. Já Benjamin Franklin dizia “The early morning has gold in its mouth.” 

 

Decidimos acordar bem cedo e sair sem tomar pequeno-almoço. Missão (quase) Impossível : encontrar a Ponte Carlos deserta para poder aproveitá-la, quer o passeio, quer as fotos, quer para perceber o significado das estátuas e, quem sabe, encontrar Tom Cruise. Por volta das 6.30 já estávamos à entrada na ponte (saída estação Staromeska). A ponte estava de facto praticamente deserta (no secret agents in sight). Uma dúzia de pessoas passeava calmamente pela ponte tirando fotos e aproveitando a vista. A luz é interessante (verdadeiramente dourada) e uma boa máquina conseguirá maravilhas. Um bom modelo também - darn it, it ain't easy finding a good model at 6.30.

 

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Quando penso em Praga, a ponte Carlos é sem dúvida o segundo local que me vem à mente - I blame it on Ethan Hunt.

Depois de um passeio calmo pela ponte - com a falsa ideia de que bastantes fotos já tinham sido tiradas à/na ponte -, regressamos ao hotel para recarregar energias - e telemóvel - para o dia espetacular que se antecipava. As energias recarregadas com o pequeno-almoço e com o breve descanso, partimos com destino à praça da cidade velha. Ainda não tínhamos entrado na praça e já a visão da Igreja Nossa Senhora antes de Tyn (Kostel Matky Boží před Týnem), Igreja Tyn para os amigos, nos assombrava. Se a Ponte Carlos é o segundo local, esta igreja é sem dúvida o primeiro que vem à mente quando se fala nesta capital.

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É de facto muito bela a fachada voltada para a praça ainda que parte dela escondida por detrás de casas. O que mais impressiona - pelo menos a mim - são mesmo as suas torres com os pináculos negros. Também terá impressionado alguém no mundo Disney, pois julga-se que o castelo da Cinderela terá sido inspirado nesta igreja, entre outras construções reais.

Repare na assimetria das torres : uma é maior que a outra, representando assim as vertentes masculina e feminina do mundo.

Mas, como ditava a informação recolhida semanas antes, era necessário chegar cedo à praça e adquirir bilhete para a Torre da Old Town Hall, onde se encontra o relógio astronómico (Orloj). Não eram ainda 10 horas e já de bilhete na mão - não encontramos fila às 9.30 - , sem saber muito bem por onde entrar para subir a torre, passeamo-nos pela praça para tirar fotos aos monumentos que a circundavam e para verificar o horário da Igreja de São Nicolau que só abriria às 10h (Sim, já mencionei na carta anterior uma igreja com o mesmo nome, mas é de fato uma outra igreja: a da carta anterior situa-se em Malá Strana e a desta carta situa-se na praça da cidade velha - I blame it on the czechs). Encontramos a entrada para Old Town Hall Tower (mais uma vez a culpa é dos checos, praguenses, que decidem ter uma entrada à semana e outra aos fins de semana, e em particular do rapaz na bilheteira que, apesar de simpático e muito checo, manteve no balcão a foto da entrada da semana) e depois de uma subida de elevador moderno até ao elevador ultra-moderno da torre, às 10h já estamos na varanda da torre. As vistas da praça e da cidade que esta torre proporcionam são mesmo recomendáveis - não pode, caro leitor, visitar Praga sem subir a esta torre e deliciar-se com as vistas e com as inúmeras selfies, perdão, fotos que conseguirá tirar. Eu tirei mais de 60, fotos, não selfies. O problema é mesmo parar de as tirar. Pense em dispensar 1 hora para este monumento (bilheteira, subida e descida, fotos).

As vistas para a Igreja Tyn são fantásticas, bem como para a cidade de Praga, com os seus telhados vermelhos e as suas torres. Daqui conseguirá ver quase tudo o que a cidade tem para oferecer: o complexo do castelo, a Torre da Pólvora, muitas das suas belíssimas igrejas, a Torre de Tv de Praga, o Monte Petrin, Parque Letná, Rydolfinum, o Mosteiro Strahov e penso que Vysehrad, bem lá no fundo.

 

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Concluída a visita à torre, descemos e após uma paragem na casa de banho - já mencionei que se paga em todas as casas de banho? - seguimos novamente para a praça. Fomos ver a Igreja Tyn, cuja entrada "secreta" poderá passar despercebida ao turista embasbacado com a beleza da praça - I blame it on the gobsmacked tourist, a.k.a. me - é mesmo por debaixo do edificio com arcos que tapa a fachada da igreja (há indicações, mas o turista menos atento...) A entrada a que me referido é pela Staroměstské náměstí 14, com uma passagem que parece que o leva a tudo menos a uma o igreja, mas há outra entrada pela Celetná 5,

A igreja é gratuita mas há uma linha/vedação que separa o turista da entrada gratuita. Pede-se uma oferta (voluntária) de 25 coroas (1 euro). Ora as únicas moedas que tínhamos eram para os bilhetes de metro e para as casas de banho e como se consegue ver grande parte da igreja da barreira e as fotos não são permitidas, guardamos os nossos trocos para alturas mais aflitas - pun intended.

Depois esperava-nos a Igreja de São Nicolau. Encontrá-mo-la praticamente vazia. Entramos por uma porta e depois saímos por outra, muito bonita por sinal - mas é a opinião de alguém que gosta de portas.

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Seguiu-se um almoço rápido e ligeiro para não pesar. Ainda havia muito para descobrir!

(continua numa próxima carta)

 

 

Praha (1)

Caro Leitor,


Aqui estou eu, acabadinha de regressar da viagem a Praga de 3 dias, cansada e com algumas peripécias para contar.
Mas, comecemos pelo princípio. O voo teve um atraso de 1h30 e por isso chegamos a Václav Havel à 1.30 da manhã. (DES)Esperamos pelo nosso transfer - com receio das consequência do atraso do voo - que não nos esperava à saída do aeroporto (como outros) e até ao hotel desesperamos com a pouca simpatia do condutor - algo frequente em Praga, na nossa experiência.

(Ao que parece o nosso condutor iria também buscar um casal de turistas que com receio que o seu transfer não esperasse, devido à  1h30 de atraso, terá telefonado ao hotel para lhe providenciarem um outro transfer. Assim sendo, o nosso condutor terá perdido o valor do transfer daquele casal e se já não inspirava muito confiança ou simpatia, muito menos quando se apercebeu que outro condutor esperava no aeroporto com um papel muito semelhante ao seu.)
A recetionista do hotel recebeu-nos perto das 2.30 com um "Finally!" que mais parecia uma ameaça de morte - exagero, mas só um pouquinho. Chek-in feito, aterramos na cama às 3h da manhã.

Sábado (sobota)
O despertar foi madrugador, por volta das 6h30, e às 7h30 estávamos a tomar o pequeno-almoço.
O primeiro dia de descoberta seria pela margem esquerda do rio Vltava. Apanhamos o metro até Malostranká e deliciamo-nos com a subida desde Lesser Town até ao complexo do castelo (uma outra opção seria apanhar o elétrico 22 e sair em Pražský hrad ou em Pohořelec). As vistas que a escadaria nos proporciona, tanto da cidade, como dos jardins (como os do palácio Valdsteinsky), do rio, ou das inúmeras cúpulas, são magnificas, dignas de um postal.

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Compramos o bilhete B - apesar de Janek recomendar que se visite o castelo sem comprar qualquer bilhete (A entrada no complexo é gratuita). DEFINITIVAMENTE não vale a pena as 250 coroas. O que inclui o bilhete B, pergunta o leitor? Entradas nos seguintes pontos durante 48 horas:
1. Velho Palácio Real (Old Royal Palace) - cujas salas a visitar podem contar-se pelos dedos de uma só mão e onde NÃO se pode tirar fotos. Não recomendo a visita.
2. Basílica de São Jorge - bonita por fora, ainda mais por dentro.
3. Catedral de São Vito - muito bonita por fora e por dentro; entra-se sem pagar, mas depois para a percorrê-la é necessário o bilhete. NOTA: o bilhete não dá para a torre da catedral. MAJOR BUMMER!

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4. Golden Lane (Zlata Ulicka) e a Torre Daliborka- A Golden Lane é grátis a partir das 17h.

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Curiosidades: Golden Lane terá sido criada para albergar os 24 guardiãos da fortificação, mas como o espaço era reduzido construiram-se casas de tamanho pequeno. Mais tarde, estas casas albergaram pessoas de outros ofícios e de diferentes estratos sociais. Até Kafka aí residiu durante um tempo na casa com o número 22.

A torre que na verdade era uma prisão deve o seu nome a Dalibor of Kozojedy, o primeiro prisioneiro que aguardava a sua morte nas masmorras da torre por ter dado guarida a rebeldes servos. Reza a lenda que aí o cavaleiro aprendeu a tocar violino e as músicas que tocava tocaram no coração do povo que, se já via nele um Robin dos Bosques Checo, mais agora se compadeciam com a sua situação e por isso lhe davam comida e bebida. Diz-se que ele era tão popular que as autoridades temiam anunciar a data da sua execução. Esta história deu origem a uma ópera do compositor checo Smetana. Há ainda uma outra versão que associa de modo diferente o violino ao prisioneiro: violino era um instrumento de tortura com buracos para a cabeça e as mãos, sendo que a "música" produzida por este "violino" era bem menos relaxante.
Depois descemos para visitar a Igreja de São Nicolau (igreja e torre - 70 cc) . As vistas são fantásticas e se não reconhecer o que vê na distância, como a Torre Petrin, o Mosteiro Strahov ou Vrtbovská zahrada, certamente terá a ajuda da senhora que por lá passeia - não, não é um fantasma, é mesmo a senhora que verifica os bilhetes. Da cúpula poderá comprovar a afluência da Ponte Carlos.

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Seguiu-se um almoço rápido num Macdonalds lá perto, com um bonito pátio interior, para uma curta caminhada até à Igreja de Nossa Senhora Vitoriosa, grátis e onde se pode ver o Menino Jesus de Praga (muito pequenino por certo e na altura em que o visitamos envergava vestes vermelhas). Pelo caminho faz-se a tradicional romaria às lojas de souvenirs, para ver o que comprar. De seguida, o Monte Petrin. A ideia era encontrar a bonita Igreja ortodoxa do Arcanjo Miguel (chrám sv. archandela Michaela) antes de subirmos de teleférico, mas o mapa que tínhamos era pouco explícito, como se a sua localização fosse um segredo bem guardado, uma missão impossivél. Encontramos apenas o memorial às vitimas do comunismo. No último dia, olhando para um outro mapa, apercebi-me de que para ir até essa igreja  desativada bastava entrar no teleférico, sair na primeira paragem e caminhar um pouco). De qualquer maneira aqui está uma foto da igreja.

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Assim, apanhamos o teleférico (não sem antes esperar uns 15 minutos; a fila é para o teleférico e se não tiver bilhete - de metro ou de elétrico, entre para comprar nas máquinas e depois vá para a fila. A subida é gira, mas o teleférico vai cheio. Lá em cima, segunda paragem, o parque e jardins são muito agradáveis e, se tiver tempo, pode descansar como um habitante local. Subimos a Torre de observação Petrin - optamos pelo bilhete sem elevador (120 cc) pois os diferentes patamares proporcionam vistas fantásticas e é verdade que não há muitos turistas a optar por subir os degraus. A torre possui uma escadaria para subir e outra para descer, o que proporciona tempo e espaço suficiente para tirar umas quantas selfies, perdão, umas quantas fotos panorâmicas.

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Vá munido de trocos ou receberá um olhar pouco simpático na bilheteira.
De seguida, o plano era ir para o Mosteiro Strahov. O caminho é verde e fresco e não é longo. As vistas são mais uma vez fantásticas. Quando chegamos estava quase a fechar e optamos por não entrar para ver a biblioteca barroca. A experiência passada impediu-me de comprar um bilhete quando o tempo é escasso (Em Florença, esperei 1h30 na fila da Galeria Uffizi e por isso tive que me contentar com 20 minutos para percorrer o museu, 10 dos quais a tentar ver a Primavera de Botticelli).

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Descemos pela rua Úvoz - rua que vê na foto em baixo-  até Mála Strana e Kampa.

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 Irá encontrar inúmeras lojas de souvenirs, bem como lojas de artesanato checo.

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E sítios onde provar o famoso mas pouco checo Trdelnik.

Sem querer encontrei a livraria Shakespeare and Sons, mas o bom senso ditou que entrasse e saísse logo a seguir - a tentação era demasiado grande. Chegamos a um largo - Na Kampé - por baixo da ponte Carlos e decidimos, depois de uma fotos, embarcar num barco. Os marinheiros que nos vendem o bilhete encontram-se mesmo ali. O bilhete inclui um apanhado dos monumentos mais importantes nas margens do rio Vltava, um passeio de barquinho - com um marinheiro tipicamente checo, loiro e de olhos azuis, um belo e simpático exemplar checo, por sinal - e depois transfer para um barco um pouco maior, já com um marinheiro também um pouco mais velho, mas nem por isso menos loiro, com direito a uma bebida e gelado ou bolinho.

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Depois foi regressar ao hotel e jantar por perto. Desta vez num restaurante italiano Coloseum, mesmo em frente à estação I.P. Pavlova - recomenda-se! Ainda não ficariam para este dia as especialidades checas.

 

Let's...

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Caro Leitor, ahoj.

Rumo para Praga. Prometo um roteiro detalhado em breve, mas quis deixar aqui algo que nunca tinha feito. Um prelúdio da minha viagem.

A Europa Central tem países que possuem um certo encanto e já tive a oportunidade de me perder em alguns deles - literally. E é verdade que há muito que duas capitais me atormentam os daydreams: Budapeste e Praga. Desta vez, quis o destino que Praga fosse a eleita. 

Na preparação da viagem, começo sempre pela busca de informação ciente da bênção que é a Internet. Em primeiro lugar, pesquisa-se o que a cidade tem para oferecer para depois se pensar nos dias de estadia. Esta busca é breve - monumentos e sítios mais importantes, atividades a experimentar, preços de voos e hotéis. Depois desta primeira busca e após ter reservado bilhete e hotel, segue-se uma nova busca, mais detalhada, que me permita definir o itinerário.  I'm a firm believer no que toca a itinerários. Se quero ver os pontos A, C e F então encontro o trajeto mais fácil entre estes, passando por outros pontos importantes B,D,E, matando assim vários coelhos de uma cajadada só. Evita-se assim algo parecido com isto:

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O itinerário é ótimo para optimizar a experiência. Há viajantes que têm 2 semanas - imagine-se - para descobrir os locais, mas como vou apenas ter 3 dias, um itinerário previamente planeado não só me poupará tempo no destino e me possibilitará visitar mais, mas também me permite poupar nos gastos.

Não sou uma viajante de ir ao sabor do vento - nada contra, até porque reconheço vantagens nesta abordagem -, mas das vezes que tentei algo parecido nunca vi tudo o que poderia ter visto (ora porque não tinha informação sobre a oferta ao turista, ora porque perdi muito tempo para ir do ponto A ao B), e isso sim é um big 'no no' para mim.

Há imensa informação sobre Praga: sites oficiais, blogues e videoblogues (vídeo 1)  e guias turísticos. A minha pesquisa passa sempre por estes meios e parece-me que acumulei informação suficiente para esta estadia. Gosto de rumar a um destino e poder dizer que vi tudo o que havia para ver, ainda que fique sempre algo por ver - um sítio que não se encontra, um sítio que se encontra fechado na hora que lá chegamos - ou que vi algo que a maioria dos turistas não procura ver. Eu, definitivamente, não viajo para descansar.

Aqui ficam alguns fatos curiosos: Praga é a cidade das 100 torres e possuí o maior castelo do mundo, uma vez que está inserido num complexo de edifícios. Possui também o maior estádio do mundo. Nesta cidade low-cost a cerveja é mais barata que a água, pity I'm not a drinker. A língua é muito difícil - I've tried it; O sistema de transportes públicos parece ser muito barato e funcionar bem. Os taxistas têm uma reputação duvidosa - nem todos claro, e certamente uma minoria, mas a reputação afetará todos (vídeo 2). Foi e cenário de vários filmes, o mais emblemático terá sido provavelmente "Mission Impossible" - afinal quem é que não se lembra da famosa cena na ponte Carlos (vídeo 3)?

Deixo-o com um provérbio chinês.

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= Não se fie no que lhe dizem. Vá ver por si.

 

 

 Nashledanou