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Letters and words

Letters and words

The times they are a-changin'

Caro leitor,

o prémio Nobel da literatura atribuído a Bob Dylan deixou-me, como aliás a muitos, a olhar embasbacada para algo. A maioria terá sido para a televisão, a mim foi mesmo para o meu para-brisas, afinal ia a conduzir quando ouvi a notícia no rádio. Na altura nem era tanto a comunicação da notícia mas sim a crítica ao prémio e a reação de uma escritora portuguesa conceituada à ideia estapafúrdia - ela não disse isso, mas adivinhava-se pelo discurso - de que o Bob Dylan estivesse sequer na lista dos possíveis recipientes do prémio. Não percebo e percebo a atribuição. Não me vou alongar nas razões pelas quais percebo e não (escrevesses uma carta na altura!), mas devo dizer que se fez luz quando revisitei inesperadamente - estava a fazer zapping e apanhei-o - o filme Dangerous Minds (Mentes Perigosas). Aquele em que a Michele Pfeiffer faz de professora numa escola problemática e com alunos com "muitos e sérios problemas". Aquele em que, visto à luz da nossa realidade, os alunos até nem são assim tão problemáticos. Aquele em que miraculosamente a professora consegue dar a volta a todos os alunos - só com uma frase e uns quantos chocolates.

Pois não é que a professora decide - com intuito de aproximar os alunos da poesia e de algo que se pareça com o programa curricular- introduzir as letras de Bob Dylan e analizá-las como poesia. E não é que resulta?

Pois estaria este filme muito à frente? Ou terá o comité que atribui os prémios visto o filme recentemente?

Vou refletir nisso um bocado e deixo aqui uma amostra da poesia de Dylan para que também possa refletir.

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Mr. Tambourine Man

 

Filmes vistos e a ver

1. DON'T BREATHE

Gosto de thrillers -  já o deve saber - e de (bons) filmes de terror, mas já estava preparada para um filme cheio de clichés quando me propus a ver "Don't Breathe" (Nem respires).

O elenco jovem não inspirava muita confiança e à medida que os jovens entravam na casa, os movimentos seguintes eram facilmente antecipados. No entanto, devo dizer que o filme me surpreendeu, literalmente. Depois de uma das mortes - not a spoiler alert, sabemos que nestes filmes alguém tem que morrer-  o desenrolar de surpresas é acelerado e inteligentemente concebido. Há pelo menos uma delas que nunca teria colocado como hipótese - e não é de todo rebuscada. Ainda está no cinema, por isso aproveite.

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2. JANE GOT A GUN

O género western não se encontra na lista dos meus 5 preferidos, mas na minha infância devo ter visto quase tudo o que havia para ver - thanks, dad. No entanto, Natalie Portman e Ewan McGregor são atores de renome, com provas dadas, e Joel Edgerton também não é nada mau e gostando eu de Aerosmith - q.b. - e da fantástica canção "Janie's got a gun" - aqui pelo menos o título não apresenta incorreções gramaticais - resolvi entreter-me com o filme.

A verdade é que talvez eu já parta para alguns filmes de pé atrás. E apesar de os pedaços da trama que nos são dados a conhecer inicialmente parecerem formar uma história interessante, os diálogos e o modo como são concretizados pelos atores (Portmam e Edgerton), deixam muito a desejar. Como é que uma atriz do calibre da Natalie se deixa convencer a entrar neste filme? Para além de razões contratuais com os estúdios - mas isso daria uma outra carta - não estou a ver uma razão plausível. Ah, mas eis que surge uma reviravolta. E que belo twist! E assim tudo se compreende: para além de um chorudo salário, e da oportunidade de se libertar de filmes com papéis menores e com personagens desinteressantes e planas (Thor), este filme terá sido o momento ideal para a atriz voltar aos papeis principais e às personagens redondas ou modeladas. Seria, se não fossem os diálogos horríveis. No entanto, uma vez que a reviravolta é inteligente, penso que o filme possa ser interessante para quem gosta de uma boa história - e aqui não me posso adiantar muito para não revelar aspetos importantes. 

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 3. BLOGEN - ALERTA TSUNAMI

Filme sobre catástrofes naturais com causas plausíveis, com efeitos hollywoodescos q.b., com paisagens naturais verdadeiramente belas, com boa fotografia e boas escolhas por parte do realizador, com boas prestações dos autores e  falado inteiramente numa língua imperceptível, a não ser que, de acordo com essa fonte infalível que é a Wikipédia, seja uma de entre os 5 milhões de pessoas que domina a língua norueguesa. Chega para convencer? Está em cartaz e, vá por mim, vale a pena.

 

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4. OCHO APPELLIDOS CATALANES - NAMORA À ESPANHOLA

Em novembro estreia esta comedia espanhola e se isso já não bastasse para atestar a qualidade da comédia, posso adiantar que o filme que a precede - Ocho Appellidos Vascos - é fantástico. Vi-o e gostei imenso de conhecer as ideias preconcebidas sobre a Andaluzia e o Pais Vasco e que, na verdade, não deixam de ser ideias que definem as duas regiões e os nascidos nelas. Gostei pois as diferenças e as caraterísticas foram entrelaçadas no filme com astúcia e desenvolvidas com mestria. O desempenho dos atores não deixa nada a desejar - o trabalho de Clara Lago é já extenso e na minha opinião muito bom, e o ator principal Dani Rovira estreia-se brilhantemente, não fosse ele um bom comediante. Julgando que será mais do mesmo, mas a respeito de outra região, pretendo ver o filme brevemente.

 

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5. BEN-HUR - Menção mais ou menos honrosa

Li o livro, para me preparar para o filme, para que pudesse comparar plenamente os dois e reparar nas alterações feitas e até que ponto resultaram. Fui ver o filme e depois revi o original, aquele que tinha ganho 11 dos 12 óscares para o qual havia sido nomeado. Como amante de livros, prefiro quase sempre o livro, ainda que goste da concretização visual que o filme permite.

Preferi o livro - ainda que não seja particularmente um livro de eleição. O recente filme faz umas alterações para poupar tempo e personagens, mas parece que apenas poupa nas personagens. Eu cortaria algumas coisas. As atuações não são brilhantes, prefiro as do filme de 1959. No filme de 2016 a sede de vingança é maior por parte de Ben-Hur e é dada maior relevância a Messala, ao seu passado, para que no final se perceba como podem voltar a ser irmãos depois do que passaram. Se tiver oportunidade, leia o livro e veja ambos os filmes.

 

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Saudade

Caro Leitor,

Saudade é recordar.

https://www.youtube.com/watch?v=_VU9DjQpvMQ

P.S. Confirmo: estive em todos os locais visionados em cima. Não vi por lá o "fantasma" do Michael. Para quem leu a carta "Czech, please" pode vislumbrar nos últimos segundos do videoclipe a escadaria imperdível que nos leva até ao castelo.