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Letters and words

Letters and words

Bella Ciao

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Caro Leitor, 

ainda não sucumbiu à moda mais recente no que toca a séries televisivas que nos envolvem e se embrenham em nós? Então é porque não contacta com as camadas mais frescas da nossa sociedade. Não sabe o que perde....

O primeiro contacto que tive com a série em questão, contacto à distancia, apenas na tomada de consciência da sua existência e do seu nome, foi através de um aluno. A recomendação que se seguiu caiu em ouvidos moucos - o que é "fixe" para um adolescente pode estar longe de atingir a qualificação de "cool" para um adulto apaixonado pela arte de criar histórias (ou estórias - designação que parece estar muito em voga nos tempos correntes). A esta recomendação seguiram-se outras, na maior parte de adolescentes que juravam a pés juntos que a série era surpreendente e que, como fieis de uma qualquer religião, assistiam religiosamente a cada episódio aprofundando progressivamente a sua crença.

Assim, na primeira oportunidade de um tempo livre, pesquisei a série online. Vi o trailer e já conhecendo a história, que aliás me pareceu muito semelhante ao filme Inside Man (O Infiltrado) com Clive Owen e Denzel Washington, visionei o primeiro e o segundo episódios - algumas series só se revelam no segundo episódio - preparada para desvalorizar a série com base apenas na falta de criatividade.

Mas enganei-me. Ainda que se possam estabelecer comparações entre o filme e a série, a premissa da série é diferente e surpreendentemente criativa. Tão criativa como o primeiro filme REC  - filme espanhol, revolucionário dentro da temática - e como o primeiro SAW - filme de terror norte-americano que surpreendeu pela criatividade da premissa e do final, algo difícil de se fazer no género.

Já era fã da cinematografia espanhola. Os filmes espanhóis não se resumem a Almodovar e, ao contrário do cinema português, o cinema espanhol tem apostado muito nos thrillers e consegue, neste género, competir com o cinema norte-americano em pé de igualdade no que toca ao enredo, ao som, à fotografia, à criatividade e à inovação. Nunca me lembrei de pesquisar series espanholas, as que passavam nos nossos canais eram demasiado infantis e seria difícil ultrapassar VERANO AZUL . Agora fiquei fã da ficção espanhola no geral, de tal modo rendida que estou à série. Acabei agora mesmo a 1ª temporada e uma carta com este assunto já estava há algum tempo prevista. Sim, eu sei que estou muito atrasada, mas tendo em conta que a terceira temporada só virá em 2019, mais vale ir com calma - afinal gato escaldado com o longo período de abstinência da Guerra dos Tronos de longos períodos de abstinência (de séries) tem medo. 

É agora a minha vez de recomendar a série, como outros antes de mim o fizeram também, jurando a pés juntos que a mesma prima pela qualidade.  Fantástica para aprofundar o castelhano ou apenas para melhorar o portunhol. Fantástica para descomprimir. Fantástica para refletir. Fantástica para aprender. Fantástica para a didática do espanhol, apresentando-se como uma ótima ideia para motivar o aluno de espanhol. Fantástica para as aulas do português - otima para motivar o aluno nas aulas de 12º ano, no momento em que se aborda o fascismo italiano na obra de Saramago, O Ano Da Morte De Ricardo Reis, com a canção italiana Bella Ciao que facilmente reconhecerão da série. Fantástica para aprender meticulosamente a planear um assalto, ainda que os assaltantes tenham que ser deveras inteligentes, algo que os assaltantes chilenos que se inspiraram na série não levaram em conta.

As possibilidades são infinitas.

Espreite a série. Eleja o seu criminoso preferido. Especule sobre o desenlace. Mas acima de tudo deixe-se surprender pela trama cativante.

¡Que la disfrutéis!