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Letters and words

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Croácia - Klis, Split e Trogir (terceiro dia)

Caro Leitor, 

Estando hospedada num hotel em Zagrebe e querendo visitar Split, cidade muito popular a 400 km sul da capital, era imperativo um plano. Saber se seria viável, quanto tempo demoraria, se haveria mais algo no caminho passível de ser visitado e finalmemente condensar tudo numa viagem de 800 km.

A caminho de Split existe a pequena aldeia de Klis. Na passagem montanhosa entre Mosor e Kozjak surge imponente, como se do Monte Olimpo se tratasse,  a fortaleza Klis  (Tvrđava Klis), tornada famosa por ter sido escolhida pela série Guerra dos Tronos para dar visão a Meereen.

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O plano era tentar chegar lá e passearmos pelas suas muralhas. Infelizmente, a chuva torrencial que observámos no início do caminho e os ventos fortes que experienciamos e que nos levou a reduzir a velocidade, atrasaram-nos. Ainda fizemos o desvio de 10 minutos para lá chegar, tal era a vontade de a ver ainda que já soubesse que a probabilidade de a visitar estava a diminuir drasticamente à medida que os minutos avançavam. Penso que chegamos à fortaleza por volta das 12 horas, debaixo de um calor escaldante. No sopé da fortaleza há um pequeno parque de estacionamento grátis. A entrada custava em 2018 40 kunas (5,40 euros). A falta de tempo - sabendo que ainda tínhamos muito para ver que era mais importante - e o calor abrasador, fez-nos rapidamente abandonar a expedição à fortaleza. Rumámos a Split já com um considerável atraso. No entanto, recomendo vivamente a visita à fortaleza. Não só aos fanáticos da referida série, mas também àqueles que gostam de uma vista panorâmica.

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O ponto ainda não muito turístico é de uma beleza estratégica e a fortaleza funciona como uma janela sobre a cidade costeira de Klis. De qualquer ponto encontrará oportunidades para excelentes fotos. A fortaleza possui uma daquelas câmaras em direto fantásticas para acenar a familiares que nos ficam a ver, não por um canudo, mas pelo computador. Não tive oportunidade de o fazer, uma vez que não subi à fortaleza, mas fi-lo noutros pontos da Croácia. 

Fortaleza de Klis

Split é a segunda maior cidade da Croácia e é mundialmente conhecida por albergar o Palácio de Diocleciano. 

Muito perto do centro da cidade velha há um parque de estacionamento grátis, perto de um parque. De lá até ao centro histórico são talvez 15 minutos, talvez menos, mas o calor opressivo fez-nos parar para comprar água.

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A porta de entrada na cidade velha é a praça (Trg) Republik.

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É uma praça muito bonita, onde as influências venezianas saltam à vista. É um bom sítio para almoçar ou para aceder à Rua Marmontova (Marmontova ulica) onde podemos comprar qualquer coisa rápida para comer. Nós optamos por seguir pela Riva - a marginal com as palmeiras, onde também se encontra uma câmara em direto. Seguimos por uma ruela perpendicular a Riva e deparámo-nos com a Praça da fruta - Vocni Trg - com a sua Torre Marina, torre octogonal veneziana, o palácio Milesi, e estátua de Marko Marulic (poeta e pai da literatura croata). Entretanto começou a chover, torrencialmente, e metemo-nos no primeiro restaurante que encontramos e aí ficamos ate a chuva passar. Seguimos por outra ruela para aceder à Praça Narodni (Trg) ou praça do povo - praça onde está o edifício da câmara - lado esquerdo - e o relógio. Foi para aqui que os venezianos mudaram o centro da cidade. A câmara aqui está virada para a praça do relógio, e eu não resisti e liguei para Portugal e acenei para casa, em plena praça Narodni. Na foto abaixo, o sítio para se posicionar para aparacer na câmara é onde estão as pessoas.

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Esta praça também é muito bonita e é um dos pontos de acesso à Porta de Ferro (a porta oeste do palácio). Perder-se-á facilmente na cidade velha sem o recurso a um mapa ou perderá imenso tempo a explorar ruelas que nada mais têm que lojas.

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As ruas e ruelas são muito semelhantes e a altura dos edifícios em conjunto com as ruelas, que mais parecem corredores estreitos, contribuem para o labirinto que é o complexo do Palácio. A ruela que seguimos depois da Porta de Ferro desembocou no Peristilo ou Cardo, a mais importante praça do complexo.
Curiosidade: nesta praça  há uma atuação ao meio-dia - a aparição do imperador ao povo - que perdemos, obviamente, mas que deve ser muito interessante. 

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Aqui encontrará um mar de turistas e uma boa foto será difícil. 

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Fica localizada no centro do palácio, direção norte-sul, cheia de colunas (12 em granito vermelho e as outras em mármore) ao seu redor. O peristilo é constituído pelas fachadas de 3 monumentos: o vestíbulo monumental dos apartamentos privados a sul, o pórtico do Mausoléu a leste e a fachada do Templo de Júpiter a oeste. Aqui também se encontra o posto de turismo.
O Vestíbulo é uma imponente sala de construção circular ampla com o tecto semi-esférico parcialmente aberto. No seu interior é frequente encontrar músicos tocando músicas tradicionais.

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Por uma ruela estreita, que passa quase despercebida e que se encontra do lado direito, do lado oposto ao mausoléu, acede-se ao Templo de Júpiter, onde se encontra uma pia batismal ornamentada com altos-relevos medievais e uma escultura representando S. João Baptista.

Encontrará por baixo do vestíbulo o Podrum. Localizado entre o Peristilo e o Portão de Bronze, a sul, consiste numa série de halls subterrâneos, que teriam sido a prisão de Diocleciano. Nas caves do palácio foram gravadas as cenas de Guerra dos Tronos com os dragões. Existe uma entrada através da Riva, num portão lateral de ferro e o preço de admissão são 5,5 euros, que eu penso que não valerá a pena. A parte do Podrum que tem comércio já lhe dá uma ideia do que o espera lá em baixo.

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Do lado esquerdo está a torre da Catedral de Dômnio ou Mausoléu. Trata-se da mais antiga catedral do mundo e o bilhete inclui catedral, cripta, sala do tesouro, torre e templo de Júpiter (45 kn -6 euros). Cuidado com a indumentária - poderá ter que usar um manto para os cobrir (graciosamente fornecido pela bilheteira, como que a dizer cubra lá as suas partes vergonhosas que o local é de culto). 

O Palácio de Diocleciano hoje em dia não é mais do que um complexo de ruelas e edifícios emoldurados por 4 portas:

A norte, a Porta do Ouro,  principal entrada do palácio e o porta mais elaborada (no século XI, foi fechada e transformada na Igreja de São Martinho; aqui encontra-se a estátua gigantesca de Grgur Ninski e dizem que esfregar o dedo gigante do pé de Grgur trará ao turista sorte- que mania  é esta dos esfreganços?).

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A sul, encontramos Porta de Bronze (voltada para o mar, tem uma aparência mais discreta, ainda que conduza  ala mais importante do palácio); 

A leste temos a Porta Prateada (mercado que vende alimentos; oratório de Santa Catarina construído na Idade Média);

A oeste, o Porta de Ferro (onde podemos ver a Torre do Relógio e a Igreja Nossa Senhora da Atalaia).

Estava nos nosso planos, caso houvesse tempo, um passeio por Marjan Park, pelo menos para tirar uma foto de um miradouro com um vista deliciosa sobre a cidade de Split. Deve para isso seguir a riva, na direção do parque de estacionamento, afastando-se da cidade velha e perto do Mosteiro St. Frane procurar  indicações para Marjan Park. Encontrará uma bonita escadaria com vistas sobre a cidade costeira - um percurso que tomará 15 minutos do seu tempo.

Aconselho vivamente 1 dia inteiro em Split, ou 2 dois caso queira ver Trogir. Um dia inteiro permitiria explorar o Parque Marjan e ver a igreja escavada na rocha. Aqui ficam as indicações caso se demore em Split e tenha interesse em se aventurar pelo parque.

A entrada para o Parque Marjan fica no cimo do Bairro Varos e no café Vidilica há um miradouro onde se vê a cidade e a torre da catedral. Se o portão à direita do café estiver aberto, devemos subir e visitar o velho cemitério judeu. 300 metros após a entrada no parque vemos a pequena igreja de São Nicolau, uma das várias dentro do parque (aqui há um bebedouro). Daqui pode-se continuar o trilho ou subir diretamente a escadaria até uma plataforma que proporciona uma vista de 360 graus. Se seguirmos o trilho principal, passaremos pelo parque de estacionamento e depois devemos virar à esquerda, para vermos uma série de igrejas cravadas na rocha como esta: igreja

Depois de umas compras, voltamos para o carro e dirigimo-nos para Trogir. Não se deixe enganar pelos 30 km que separam Split de Trogir. Demorámos 1h a chegar ao local - as estradas têm um limite de 50km por hora e apanhámos muito trânsito. Chegamos a Trogir por volta das 17h o que não permitiu apreciá-la verdadeiramente. 

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Trogir é uma cidade-ilha com 4 mil anos de existência e é considerada uma das mais antigas da Dalmácia. Os primeiros indícios da existência de Trogir datam de 2.000 a.C. Os Gregos (300 a.C.) fixaram-se na  ilhota que na época se chamava Tragyrion - Ilha das Cabras. Mais tarde foi a vez dos Romanos que a encheram de mármore branco. A cidade prosperou e chegou a Idade Média sendo protegida pela tropa bizantina. No entanto, no século XII foi atacada pelos sarracenos, destruída e abandonada. Alguns anos mais tarde, Trogir renasceu sob o comando dos reis da Hungria. Depois, seu domínio passou para as mãos dos venezianos. Em 1997, foi declarada pela Unesco como Património da Humanidade.

Em frente à Praça João Paulo II (Trg Ivana Pavla II), a principal praça da cidade, fica a Galeria "Loggia" e a Torre do Relógio, do século XIV. A Galeria é apoiada em seis colunas romanas e a Torre do Relógio fica à esquerda da Galeria.

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Era na galeria do século XVI que os criminosos eram julgados e castigados. Note-se a falha na parede oriental, onde os ativistas locais fizeram explodir um leão de pedra veneziano, como protesto contra as pretensões italianas sobre a Dalmácia. Observe que na parede da frente da torre há duas figuras esculpidas em relevo. A Na mesma praça também estão o palácio Cipiko (gótico) feito no século XIV por uma importante família de Trogir, o palácio ducal (edifício da camara) e a Catedral de São Lourenço.

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A catedral levou muito tempo para ser construída. A obra iniciou em 1193 e terminou no século XV, portando vários estilos arquitetónicos convivem em harmonia (românico no exterior, gótico no interior, para além de elementos dos estilos barroco e veneziano). Um dos destaques da catedral é a Capela de S. João ou de Santo Orsini, primeiro bispo de Trogir, com doze estátuas dos apóstolos em nichos em forma de concha feitos por Nikola Firentinac e Andrija Alesi. Destaca-se ainda a porta romanesca do séc. 13 executada pelo Mestre Radovan (preste atenção à data 1240 , aos leões, símbolo de Veneza, a Eva e Adão).
Ao lado da catedral está a Igreja de São João Batista, do século XIII. 

No final como ainda tínhamos cerca de 4 horas de caminho, jantamos algo leve (não em termos calóricos) no mercado mesmo à entrada de Trogir e voltamos para o carro. O GPS levou-nos por estradas de montanha, fazendo com a viagem fosse ainda mais longa e a paragem em plena autoestrada por causa de um problema no túnel não ajudou (quase 30 minutos parados no meio de uma autoestrada por entre montanhas escuras). 

Para apreciar Trogir na sua totalidade precisará de pelo menos 3 horas. 

1. Portas Norte e Sul (no cimo está a estátua de São João de Trogir - Sv. Ivan Trogirski)
2. Praça João Paulo II
3. Catedral de São Lourenço (Katedrala sv. Lovrijenac - ST. Lovro) - A catedral é gratuita, mas pagará 25 Kn (3,5 euros ) para subir a torre que possui uma vista bonita. Horário - 9h-12h/14-19h
4. Palácio Cipiko - janelas em estilo gótico veneziano
5. Loggia e Torre do relógio
6. Câmara - escadaria gótica
7. Igreja São João batista- a família Cipiko está aqui sepultada
8. Forte Kamerlengo - Horário: 9h-20h podemos subir (a vista parece-me bem mais bonita que a da torre da catedral)
9. Mirante de Marmont- onde o mais importante general francês da era napoleónica, Marmont, gostava de ver as vistas.
10. Riva (onde poderá ver alguns navios de cruzeiro)
11. Ruelas
12. Ponte pedonal com escadaria - vista para a Torre de São Marcos

P.S. Aqui fica o  trajeto de carro feito no googlemaps.