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Letters and words

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Croácia - Zagrebe (7º dia)

Caro Leitor,


A cidade de Zagrebe teve origem em duas cidades muralhadas, Gradec (Grada) e Kaptol, separadas pelo rio Sava, que se juntaram oficialmente no ano de 1850. Em 1991, tornou-se oficialmente a capital de um novo país, após a declaração formal de independência da Croácia em relação à antiga Jugoslávia.

Neste dia, começámos por visitar o cemitério Miragoj. No dia anterior procurámos junto da estação de autocarros - próxima do nosso hotel - informações sobre o preço do táxi até lá, mas quando no dia seguinte questionámos um outro táxi, o valor era bem mais alto e já depois de termos entrado no táxi, reparamos que não tinha taxímetro - pelo menos visível . Eu sei que devemos sair imediatamente caso não nos agrade o serviço. Eu sei que estou no meu direito de sair de perguntar a todos os táxis que estão na fila o valor da viagem que procurava. Eu sei que posso sempre educadamente recusar.Eu bem sei. Mas já estávamos no sétimo dia, de uma viagem cheia de mini viagens enriquecedoras mas cansativas, e o cérebro já não responde com a mesma prontidão e o resto do corpo parece ignorar a breve reflexão feita pelo anterior.Por isso lá seguimos nós no "táxi" que nos levou ao destino em menos de 10 minutos, mas que nos levou os olhos da cara. (Espero ao menos que tenha sido para alimentar a família numerosa do "taxista"). É claro que é possível fazer o percurso de autocarro -  paragem Mirogoj-Arkade).

Considerado por muitos um dos mais belos cemitérios da Europa, o cemitério Mirogoj não é apenas um local de enterro para todas e quaisquer religiões, ou até mesmo para quem não tenha nenhuma, mas também um belo parque e uma galeria de arte aberta. Podemos entrar livremente entre as 6h e as 20h.
A sua estrutura exterior muralhada, com majestosas arcadas encimadas por uma série de cúpulas, mais rapidamente faz lembrar uma fortaleza do que propriamente um cemitério.   

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Situado nas encostas da montanha Medvednica, está rodeado de vegetação e dentro das suas muralhas há 500 metros de arcadas neo-renascentistas, 20 cúpulas, pavilhões e túmulos que são monumentos à arquitetura com o toque de muitos artistas célebres, como Ivan Meštrović, Antun Augustinčić, Dušan Damonja, Edo Murtić.
Herman Bollé, o mesmo autor das renovações na Catedral de Zagrebe e na Igreja de São Marcos, projetou o cemitério com 500 metros de arcadas neo-renascentistas e 20 cúpulas. 

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Depois do cemitério, apanhámos um autocarro, logo mesmo à saída da muralha e fomos na direção da  Rua Tkalciceva, a rua mais vibrante da cidade, outrora por ser a rua onde quase todas as casas eram bordeis, hoje por causa dos restaurantes, cafés, lojas tradicionais e eventos ao ar livre que aqui encontrará.

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Tire uma foto com o  antigo relógio de sol e a estátua de Mary Zagorka, a primeira mulher jornalista de Zagrebe e também grande lutadora dos direitos das mulheres.

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Ou com outra qualquer obra artística...

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Um pouco depois encontrará a Rua Skalinska, facilmente reconhecível pois verá a catedral ao fundo desta rua.

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Seguimos pela rua para chegar ao mercado Dolac. Não é tão bonito como algumas fotos o pintam e, por isso, a não ser que queira comprar algo lá, não perca o seu tempo. Almoçámos bem perto do mercado,

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algo típico chamado Cevapi e depois fomos até à Catedral da Assunção de Zagrebe na Praça Kaptol. A entrada é grátis neste que é o edifício mais alto da Croácia. É muito bonita por fora.

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Em frente à Catedral, encontra-se um relógio parado que marca sempre 7:03. É a hora exata em que o grande terremoto atingiu Zagrebe em 1880. 

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Descemos até à praça Ban Jelačić (Trg Bana Jelačića) que por ser a praça central da cidade, várias vezes nos cruzamos com ela.  Daqui fomos em direção ao Tunnel Gric. Bem pertinho da praça central, há uma ruela que nos conduz ao escadario que nos leva a Promenade Strossmayer, lugar para passear ao longo das muralhas medievais de Zagrebe e apreciar as vistas da cidade .

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Não foi muito fácil dar com o túnel e desistimos de encontrar a entrada para o funicular que nos leva à promenade - o passeio pelo escadario não é nada mau. Descemos o promenade até desembocarmos perto de uma das entradas do túnel.

A experiência do túnel foi fantástica. O sítio é creepy e com poucas pessoas a passear por lá a experiência foi ainda melhor - até envolveu cantoria (a acústica é fantástica). É um túnel para pedestres, construído durante a Segunda Guerra Mundial para servir como um abrigo antiaéreo. Mais tarde caiu em desuso até funcionar novamente como abrigo durante a Guerra da Independência da Croácia. Em 2016, o túnel foi melhorado e aberto ao público, servindo como atração turística e local de eventos culturais. As melhorias incluem um museu e um elevador. Duas casas de banho públicas, restauradas em 2016, localizam-se próximas a duas das saídas. Parte da sinalização original prevalece.

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De volta à parte alta da promenade, vimos a Torre de Lotrscak mas não comprámos o bilhete. Aqui nesta zona é frequente encontramos animação e várias formas de arte.

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Muito perto da torre está a Igreja greco-católica de São Cirilo e São Metódio. Foi construída em 1880 no estilo neo-bizantino, e o seu interior é deveras lindíssimo. Não desista se estiver fechada. Pergunte aos locais se vai abrir ainda nesse dia para missa. Entre nem que seja para admirar brevemente e em silêncio os painéis.

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Muito perto desta igreja encontrará a Igreja de São Marcos e o Edifício do Parlamento.
A colorida Igreja de São Marcos, com o seu telhado de azulejos que a torna um ícone de Zagrebe, data do século XIII.

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O portal do lado sul é o portal gótico mais rico da Croácia. Composto por 15 esculturas góticas de pedra e 4 esculturas barrocas de madeira, em 11 nichos. As esculturas representam a Virgem Maria com o Menino, Cristo, São Marcos e os apóstolos.
O singular telhado colorido de São Marcos foi construído em 1880 por Friedrich Schmidt e Herman Bollé. Nele, encontra-se o brasão medieval da Croácia, Dalmácia e Eslavónia, no lado esquerdo, e o emblema de Zagreb, à direita.
No seu interior, maravilhar-se-á com os frescos e como teto dourado com folhas de ouro de 22 quilates.

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Enquanto esperávamos que abrisse a igreja de São Cirilo e São Metódico, passeamo-nos pela zona e fomos dar inesperadamente a um miradouro com vistas excelentes sobre a cidade e a catedral.

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Como estavam algumas obras a decorrer na cidade, não nos foi possível espreitar, entre outras, a Porta de Pedra - um santuário dedicado à Virgem Maria, na Rua Kamenita.É o portão oriental da cidade medieval e o santuário mais importante de Zagrebe. À terça-feira, neste portão, os croatas rezam o terço.No seu interior encontra-se um santuário de pedra dedicado à Virgem Maria.
Trata-se da única entrada remanescente e preservada das antigas fortificações de Zagrebe e foi construído no século XIII como um dos quatro principais portões de entrada da cidade. Juntamente com a igreja de São Marcos, esta porta é um testemunho vivo da antiga cidade de Gric, que existiu entes de Zagrebe. 

Neste dia, houve ainda tempo para experimentar o Miradouro Zagrebe 360º. O bilhete de 60 kn é válido até ao final do dia em que o compra, permitindo-lhe ver a cidade em diferentes alturas do dia, incluindo à noite. Não quis ir e pelos vistos fiz muito bem. A vista não é nada de especial.

Zagrebe é uma cidade com muito para oferecer. Basta saber procurar.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Croácia - Lagos Plitvice (6º dia)

Caro Leitor,

Sempre que a Croácia se infiltrava no meu pensamento, duas coisas surgiam: Dubrovnik e os Lagos Plitvice. O mesmo deverá acontecer com muitos turistas. Não tendo indo a Dubrovnik, os Lagos Plitvice e sua cor turquesa eram a cereja no topo do bolo nesta aventura pela Croácia.

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O Parque Nacional dos Lagos Plitvice, ou Plitivicka Jezera, abriga mais de 16 lagos numa área de mais de 26 mil hectares. Existes vários percursos que atravessam as duas grandes partes do parque: os lagos superiores e os lagos inferiores. Aqui encontra-se a maior cascata da Croácia, Veliki Slap, com 78 metros.

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Os lagos não desiludiram: a água é mesmo turquesa e as fotos ficaram estonteantes - mais estonteantes só talvez algures numa ilha do Pacifico. A limpidez da água permite não só ver a pouca profundidade dos lagos mas também alguns dos seres vivos que o habitam. E houve momentos em que, apesar do número de visitantes no parque, o único barulho que se podia ouvir era o som das pequenas cascatas, das libélulas coloridas, ou dos nossos passos.

Existem dois tipos de bilhetes, de 1 ou 2 dias, 8 percursos circulares com diferentes km (desde 3,5 km até aos 18 km) e duas entradas para o parque. Por isso, verifique qual é o percurso que quer fazer e apresente-se na entrada correta. Em cada entrada, só há 4 percursos que poderá fazer.  Nós tivemos que entrar na entrada 2, porque a entrada 1 mostrava-se muito popular. O percurso que tinhamos escolhido teria que ser feito pela entrada 1 e por isso tivemos que optar por outro, muito semelhante. Pagamos o bilhete de um dia, 250 kunas, um pouco mais de 33 euros, e fizemos o percurso H que tem 8,900 km. O bilhete foi caro pois foi na época alta, mas vale bem o dinheiro, não só pela beleza do parque, mas também porque inclui viagens num autocarro panorâmico e num barco elétrico, ambas com o seu próprio encanto.

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Recomendo que chegue ao parque bem cedo,  se possível esteja lá à hora de abertura, especialmente nos meses de verão, o que nem sempre poderá ser possível, dependendo de onde vem ou qual o transporte escolhido (há viagens de autocarro de Zagrebe até ao parque, mas implica que chegam lá por volta das 10h e saem cedo). Deverá chegar cedo pois não há muito estacionamento - quero dizer, não há em número suficiente para todos os visitantes. Cada entrada tem um parque  de estacionamento acimentado e ainda um parque na zona florestal - onde nós estacionamos, depois de andarmos desesperadamente à procura de um sítio suficientemente seguro para estacionar. As filas para os bilhetes são longas e demoramos talvez uma hora na fila. Sim, conte com longas filas, apesar de haver várias bilheteiras.

O parque possui algumas zonas de restauração (nas estações do autocarro ou do barco) e um hotel.

Todos os percursos estão bem sinalizados e é fácil perceber o caminho correto, ora em terra batida, ora em passadiço de madeira. Apesar de estarem muitos visitantes no parque, há imenso terreno a percorrer e poucos foram os sítios onde nos sentimos em fila de trânsito. Aliás, conseguimos tirar fotos sem apanhar nenhum visitante.

Pelo percurso irá ouvir as cascatas chamarem por si, pequenas ou grandes,

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e render-se-á à calma que aquele barulho incessante transmite. Pelo percurso serpenteante irá deixar-se surpreender por aquilo que espreita depois da curva, depois da subida, depois da floresta, ou em alguns momentos depois das costas do turista que segue à sua frente.

Por entre cascatas que, desavergonhadamente, o cumprimentam com salpicos de água fresca,

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e cascatas que timidamente se escondem,

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ou cascatas bebés que anunciam ao longe o seu choro miudinho

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sentimo-nos abençoados por experienciar tanta beleza. Todas as cascatas têm a sua beleza particular. Todas são diferentes e únicas. Todas merecem a contemplação. E várias fotos.

Por entre os lagos de um verde mais profundo,

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e os mágicos lagos turquesa

 

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a contemplação inunda-nos. Há uma parte do percurso, já perto da grande cascata, que é tão bonita não só pela cor dos lagos que ai se encontram, mas principalmente pelo o trajeto serpenteante do percurso e o contato próximo com os lagos que o passadiço nos permite.

 

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Se a serenidade ainda não nos conquistou até aqui, conquistar-nos-á agora.

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Já muito perto da grande cascata (percurso H), encontra-se uma gruta que é possível aceder. Aí habitam morcegos. Mas se não quiser visitá-la, que foi o que fiz, se ainda não é desta que como Bruce Wayne quer vencer este medo, não se esqueça de descer até ao patamar inferior para tirar uma foto com a gruta, as águas e o passadiço no pano de fundo.

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Poderá sempre dizer que esteve num sítio mais remoto que a Croácia, por exemplo Indonésia - li recentemente um artigo onde constava que há por aí muito falsos turistas, muita gente a publicar e postar fotos dasférias dizendo que está num sítio paradisíaco, quando na verdade está bem mais perto e num sítio menso atrativo. Se lhe dissesse que estava na Indonésia e colocasse umas fotos menos reveladores do verdadeiro destino e mais semelhantes a um outro mais apelativo, provavelmente não suspeitaria de nada...

No final do percurso, surge-nos uma das imagens que reconhecemos da Internet

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e voltamos a lembrar-nos de que o sítio é um paraíso na terra.

Melhor mesmo, só se conseguisse voar com um drone.

Recomendo que chegue cedo, antes da hora da abertura para ser dos primeiros a chegar à bilheteira,  e que saia tarde, mas sempre ciente do horário do último autocarro panorâmico. No verão, leve roupa adequada ao calor e proteção solar (chapéu e protetor), bem como calçado apropriada para uma longa caminhada na natureza. Leve um snack para comer, mas há algumas ofertas de restauração dentro do parque. Verifique que leva cartão de memória e baterias das câmaras carregadas porque o que mais vai fazer é tirar fotografias. E leve algum dinheiro consigo - há sempre algo para comprar até na mais pequena loja de souvenirs. Se tem filhos, não tema. É possível visitar o parque e aproveitá-lo, pois há percursos mais pequenos.

Poderia mostrar aqui alguns pequenos vídeos que fiz, mas não seria a mesma coisa. Por isso aqui fica um vídeo profissional que apesar não ser ser o nosso percurso, pois é mais curto, não está muito longe do que fizemos.