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Letters and words

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Irlanda - 3º dia

Caro Leitor,

28 de julho - Cork (cidade) - Blackrock - Cobh - Blarney Castle

A exploração de Cork começou por volta das 9 horas, depois de um pequeno-almoço e o plano era basicamente o seguinte:

1. National Monument (na Grand Parade) 

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2. Holly Trinity Church (Paróquia Russa) 

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3. Red Abbey tower - da abadia Agostiana do séc. XIV só resta mesmo a torre

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4. Elizabeth's fort - uma muralha que oferece vistas para a catedral, vistas sobre os telhados da cidade (era extra)

E pelo caminho ainda vimos St. Nicholas Church of Ireland

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5. Saint Fin Barre’s Cathedral - a catedral e o seu jardim são muito bonitos

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A informação que recolhi na Internet apontava para que aos domingos só abrisse de tarde para os turistas. De facto, à entrada da porta encontrava-se a indicação de que durante a missa os turistas deveriam permanecer cá fora, a não ser que viessem assistir à mesma. No entanto, quando vimos alguns turistas a entrar, entramos também e limitamo-nos a ficar o fundo da igreja. Mas antes uma explicação sobre as inúmeras figuras presentes na fachada - obrigada à nossa "guia adjunta" Diana. A história que mais me impressionou foi a relativa à porta central.

 

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Na fotografia acima, poderá ver 10 figuras femininas a ladear uma figura masculina. Trata-se da parábola das 10 virgens. No centro, está o noivo, do lado esquerdo as virgens sensatas (com as suas cabeças cobertas e com a chama acesa) e do lado direito as virgens insensatas, sem azeite para as suas lâmpadas. (Obrigada mais uma vez Diana pela explicação - adorei saber o que representavam as esculturas).

Para escrever esta carta, fui pesquisar e descobri que as virgens sensatas estão à direita do noivo, lado que representa a força e da virtude e no fundo dos seus pés as portas para a boda estão abertas, enquanto que as portas debaixo dos pés da insensatas estão fechadas. Segundo a parábola, as virgens foram à procura do noivo. As sensatas levaram lâmpadas e azeite e as insensatas só as lâmpadas. Quando a noite chegou, todas adormeceram.  Ao acordarem com um grito e um voz que dizia que o noivo vinha, as que tinham  azeite conseguiram acender a sua candeia. As que não tinham ainda pediram azeite às 5 mais sensatas, mas estas receando que não chegasse para todas disseram-lhes para irem comprar. Enquanto as insensatas se afastaram, o noivo chegou e levou as sensatas para a boda fechando-se a porta atrás deles, quando as insensatas chegaram ainda pediram ao Senhor que lhes abrisse a porta: " Senhor, Senhor, abre-nos a porta." Mas ele respondeu: " Em verdade vos digo que não vos conheço. Portanto vigiai, porque não sabeis nem o dia nem a hora.» (Mateus 25:1-13)

Para mais informação sobre o simbolismo da fachada desta catedral, aqui fica o link.

Os jardins são bonitos a catedral é ainda mais bonita quando caminhamos pelos jardins. 

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6. (Original walls of Saint Mary of the Isle - perto da catedral, mas é só uma parede) - não a encontrei
7. Cathedral of Saint Mary and Saint Anne 

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8. Church of Saint Anne + Shandon bells (possibilidade de tocar os sinos para quem queira)

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Cumprido o plano, e não havendo muito mais para ver na cidade de Cork, fomos buscar o carro para seguir viagem. Se passar por Cork, vai poder comprovar que há partes que não mudaram muito. Espreite esta foto e procure as diferenças. Não são assim tantas. Não é uma cidade que se visite pela sua beleza.

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Seguimos para sul, para Blackrock Castle a 6 km de distância. Hoje em dia é usado como observatório e para fins científicos e tecnológicos.

 

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Mas o destino era a cidade de Cobh com a sua belíssima catedral.

 

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St. Colm's Cathedral é bela, tanto por fora como no seu interior.

Cobh é uma cidade portuária e muito turística. Tão turística que se pesquisar Cork no google images, muitas são as imagens de Cobh que surgem - não se esqueça que Cobh pertence a Cork (condado).

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Cobh é conhecida por ter sido o último porto antes de o navio Titanic partir para o Atlântico. Aqui podemos ver uma estátua de Annie Moore e os seus irmãos. Annie é mundialmente famosa - foi a primeira pessoa a ser admitida nos Estados Unidos, através do centro de imigração de Ellis Island.

 

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Perto da estátua, poderá ficar a conhecer melhor a história de Cobh e daquele fatídico navio, através do Titanic Experience ou do Cobh Heritage Centre - entrada 10 euros cada. Ao descer da catedral, vire à direita.

Almoçamos por lá, visitamos o Cobh Heritage Centre, só as suas lojinhas, e mais uma vez aproveitamos para comprar lembranças. Apanhámos 5 minutos de uma chuvinha - estava na hora de zarpar.

Dicas: Há estacionamento junto à catedral e restaurantes junto ao mar. No Heritage Centre encontrará casas de banho

 Blarney Castle esperava-nos. A 30 minutos do último destino, Blarney Castle não é só a Blarney Stone nem as ruínas do castelo. A entrada de 18 euros é cara para a experiência, mas a propriedade onde está inserido o castelo é extensa e podemos visitá-la.

 

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Os jardins que nos levam até ao castelo são muito bonitos e à medida que subimos, no terreno ou nas íngremes e claustrofóbicas escadas temos vistas interessantes.

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Não beijei a Blarney Stone - pedra que, segundo a lenda, nos presenteia, depois de a beijarmos, com o dom da eloquência. Não a beijei, porque claramente não era necessário - eloquência é o que não me falta (e modéstia, também). Também não a beijei porque achei que não seria capaz. É necessário toda uma ginástica e para quem tem óculos é duplamente complicado.

Blarney Stone - minuto 2

A subida até à pedra - sim a pedra é mesmo no topo do castelo - foi tranquila. Não estavam muitos turistas no recinto - e mais tarde percebi porquê. Nós chegamos por volta das 16 horas e a informação que eu tinha é que fecharia às 19 horas. No entanto, a propriedade oferece muito para explorar e talvez seja boa ideia planear mais do 3 horas para o local.

Depois do castelo, fomos espreitar o jardim dos venenos - plantas usadas para produzir nos outros efeitos pouco agradáveis.  As plantas estavam molhadas e as gotas pareciam diamantes.

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Vimos grutas, cascatas, masmorras e jardins variados. Vimos um cemitério de cavalos e um lago. Fizemos o passeio do lago porque era mais curto - 45 minutos e durante longos minutos percorremos terreno sem avistar ninguém.

A foto que se segue foi tirada numa plataforma de madeira sobre o lago.  Aqui poderá ficar mais um pouco, admirando o silêncio contemplando os nenúfares.

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Para além do lago, verá pacatos cavalos pastando livremente. A mansão - muito ao género de Janes Austen - que se vê ao fundo é Blarney House, que infelizmente não pudemos visitar. Momentos após ter tirado esta foto, começou a chover torrencialmente. Chuva de inverno que não parou e não abrandou. E como a tarde tinha estado excelente, tudo o que era impermeável ficou no carro. Havia um pequenino guarda-chuva, mas de pouco nos adiantou. Assim, tivemos que encurtar a nossa visita por Blarney. Ainda pensávamos que nos podíamos recolher na loja de lembranças ou no café da entrada, mas já estavam fechados. Calculo que fechem após a última entrada, às 18 horas.

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Se pretender fazer tudo e ver tudo, para optimizar o seu bilhete de 18 euros, aconselho umas 5 horas (ou uma tarde inteira).

Chegamos ao alojamento, um B&B fantástico, depois das 19h30 e temendo que o pub das redondezas já não servisse jantar quando lá chegássemos . depois das 20h30, a  nossa anfitriã simpaticamente se ofereceu para ligar para o pub e avisar que 4 esfomeadas em breve entrariam pelas portas do pub.

Abbey Bar é um pequeno pub que fica a 2,5 km do B&B e é um sítio que não pode perder se estiver em Rosscarbery. O hambúrguer estava delicioso, a música muito agradável  e o ambiente muito familiar - todos se conheciam e todos estavam ali para ouvir a música, beber e conversar com os amigos. A noite no Abbey Bar foi tão boa que sentimos que já podíamos tirar da "bucket list" a experiência num típico pub rural irlandês (entrada triunfante, "all eyes on us", velho e simpático dono do bar que trata os clientes como seus convidados, comida de conforto, ambiente calmo, simpatia irlandesa, e boa música). And it was quite the experience!

O jovem grupo que estava lá a atuar cantava versões muito pessoais de clássicos como Don't think twice, it's alright de Bob Dylan. A música melódica e suave permitia a conversa entre vizinhos e companheiros de viagem. A música foi a cereja no topo do bolo!

P.S. I love you,  people of Rosscarbery.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Irlanda - 2º dia

Caro Leitor,

27 julho - Kilkenny - Rock of Cashel - Hore Abbey - Kinsale - Cork

True to its name, o alojamento foi bem cosy. Depois de uma pequeno-almoço bem recheado - a cabana tinha de tudo um pouco (sumo, chá, café, cereais, pão, bagels, pain au chocolat, manteiga, compotas e ovos) e uma cozinha que ainda que pequena estava bem equipada - despedimo-nos quase com uma lágrima ao canto do olho da pitoresca cabana. Rumámos mais uma vez para o centro de Kilkenny, desta vez até St. Mary's Cathedral que possui um parque de estacionamento na lateral. (Quando se viaja de carro e se quer poupar tempo, é bom já saber de antemão até onde se pode estacionar o carro). O nosso carro ficou lá toda a manhã. (chegámos antes das 8h30 e saímos perto das 13h30)

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A Catedral, de estilo gótico, é  muito bonita tanto no seu exterior como no seu interior . A entrada é gratuita e às 8h30 de sábado, encontrámo-la praticamente deserta.

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Depois seguimos até St. Canice.

St. Canice Cathedral é a segunda  maior catedral medieval e data do século XIII. Tem uma torre circular que pode ser subida. Existe um bilhete combinado (catedral + torre: 7 euros). Nós optámos por não subir à torre - a minha pesquisa mostrara-me que não tinha uma vista particularmente bela - e entrámos só na catedral por 4,5 euros. está aberta desde as 10 horas até às 13 horas e das 14 horas às 16 horas. A catedral está rodeiada por um cemitério e a sua porta principal tem a particularidade de só poder ser usada pelas 3 b's: vrides, bishops and burias (noivas, bispos e funerais). Dentro encontra-se uma lojinha com fantásticos souvenirs.   

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Também do século XIII é a Black Abbey. Mais pequena do que as outras construções, mas imponente pois abriga em si a maior janela com vitrais da Irlanda. Faz-nos sentir bem pequeninos, não?

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A sua cor cinzenta no exterior, de um cinzento mais escuro que St. Canice Cathedral, nada tem a ver com o seu nome. Black deriva dos Black Friars. Curiosidade: Aqui poderá encontrara um santo negro e uma foto dos 3 pastorinhos de Fátima.

Seguiram-se umas horas de lazer, onde percorremos as ruelas e ruas à procura de souvenirs e de algo rápido para almoçar. Optámos por comprar algo num supermercado - ideal para quem não quer perder muito tempo num restaurante e bem mais barato, e almoçamos no jardim junto da St. Mary's Cathedral. Umas garotinhas estavam a organizar uma feirinha para angariar dinheiro, enquanto que brincavam sem qualquer guarda parental. Provavelmente moravam nas casas que ladeiam o jardim perto da Catedral, mas mesmo assim não deixamos de constatar que ainda é possivel brincar nas ruas.

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O castelo de Kilkenny não estava incluído no percurso pois não é propriamente um castelo bonito e o seu interior naõ aguça a imaginação. Mas é possível visitá-lo por 8 euros.

(Planear também significa ver antecipadamete o que o local tem para oferecer e decidir com calma se vale a pena visitar tudo)

Nas nossas incursões pelas lojas, deparámo-nos com a verdadeira hospitalidade e simpatia irlandesa. O dono de uma das lojas falou-nos um pouco da cidade, indicou-nos uma casa onde terá vivido Dame Alice Kyteler, uma presumível bruxa (Kyteler's Inn é um edifício pelo qual já tínhamos passado mas não nos apercebemos do valor histórico e por isso voltamos atrás para também ali perto descobrir Butterslip Lane) e sugeriu que visitássemos Kinsale antes de rumarmos a Cork. Kinsale estava nos planos inicialmente, mas, temendo que o tempo não chegasse para tudo, tinha sido previamente eliminada. Como por volta do almoço já tínhamos visto e percorrido o centro de Kilkenny, Kinsale passou a fazer parte dos planos. Mas antes, Rock of Cashel.

O caminho para lá é bem sinalizado, pois as estradas são estradas principais, e pelo caminho vai encontrar campos verdejantes populados de vacas.

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Antes de chegar a Cashel, Rock of Cashel surgirá bem no alto, a fazer juz ao seu outro nome Cashel of the Kings. 

 

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Rock of Cashel fica a mais ou menos 60 km de Kilkenny, a 1 hora de distância, e vale a pena entrar em Tipperary e ir até Cashel não só pela Rock of Cashel mas também pela Hore Abbey.

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Siga a estrada por onde vai a carrinha branca que se vê na foto anterior e vire à esquerda e estacione por aí. Depois encontrará uma caminho de terra à esquerda. Suba.

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O bilhete para Rock of Cashel é 11 euros e inclui a visita guiada à Cormac's Chapel - construção de cor mais clara - e uma outra visita guiada ao restante complexo. SE não pretender visitar Cormac's Chapel pode entrar no complexo por 8 euros e não tem que fazer a visita guiada ao complexo. No entanto, não entrará na Cormac's chapel e não perceberá a razão da sua cor mais clara - não, não é uma construção mais recente como pensámos. A visita guiada a esta capela é curta mas muito interessante e por isso a minha sugestão passa pela compra do bilhete combinado. Nós demorámo-nos um pouco mais de 1 hora por todo o complexo, mas se optar pela segunda visita guiada reserve pelo menos 2 horas, isto se tiver a sorte de não estarem por lá muitos turistas. Nós encontrámos talvez umas 30 pessoas.

Chuviscava quando saímos da primeira visita guiada e 10 minutos depois começava a outra. Não ficamos até ao fim, pois demoraria 45 minutos. A chuva lá fora parara e Hore Abbey chamava-nos, lá ao longe.

 

 

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Há um caminho que pode fazer pela estrada, mas quando descemos Rock of Cashel vimos pessoas a fazer o percurso pelo campo e lá fomos nós. Terá que pular um muro, mas uma aventura pela Irlanda não estaria completa se não o fizesse. Não se preocupe, é bem mais um murozito do que um muro. Depois é só caminhar na direção das ruínas da abadia. 

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A distância é como se pode observar muito curta e desde Rock of Cashel até Hore Abbey são 15 minutos a pé.

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Também aqui encontramos poucos turistas. Quando lá chegamos só estavam 3. 

 

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Não nos demoramos muito por lá. O suficiente para a explorar.

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Depois rumamos a Kinsale. A pequena cidade portuária não desapontou. Aconselho vivamente que a visite e que faça uma refeição por lá. Nós jantámos, mas mais sobre isso daqui a pouco.

Levará mais ou menos 1h30 de viagem e há estacionamento gratuito junto ao cais e aos restaurantes, pelo menos ao fim de semana. Depois fizemos uma caminhada para explorar a cidade e percorrer as suas pitorescas ruas com as casas coloridas.

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Por toda a Irlanda, encontrará pequenas cidades ou vilas muito coloridas, mas as ruas de Kinsale têm cores vibrantes. Mas não vá só a Kinsale pela cor. Vá também pelo sabor! Para quem goste de marisco, será uma belíssima tentação. Para quem não goste, há muito peixe a experimentar. Eu comi um DELICIOSO fish and chips que era uma especialidade do restaurante, não fosse ele chamar-se Dino Traditional Fish and Chips.

 

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Às 22 horas já estavamos nas ruas de Cork a explorar a cidade. Cork é a segunda maior cidade da República da Irlanda é conhecida pela sua comida - que não pude comprovar - e pela sua vida noturna. Posso atestar que a vida noturna em Cork começa bastante cedo e prolonga-se até de madrugada. Os pubs estão cheios e é dificil entrar num deles. A Oliver Plunkett Street está ao rubro a partir ds 20 horas. Cork é barulhenta e confusa por causa da vida noturna e não é propriamente uma cidade bonita. Nem or Rio Lee a salva. Mas a descoberta de Cork ficaria para o dia seguinte.

Curiosidade:  neste dia tivemos apenas 10 minutos de chuvinha irlandesa.

P.S. Kinsale, I love your colours and tastes. I loved climbing over walls on my way to Hore Abbey.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Irlanda - 1º dia

Caro leitor,

Preâmbulo - quiçá desnecessário tendo em conta muitas das anteriores cartas, mas que terá lugar, nevertheless.

Os 2000 km e os 10 condados são possíveis de serem visitados em 10 dias. Como? Com um plano bem elaborado. Aqui ficam umas breves dicas do que é importante:

  1. encontrar a melhor rota que passe por todos os lugares que quer ver;
  2. selecionar alojamento de acordo com a rota;
  3. destacar para o volante condutores competentes, que não se atrapalhem com a condução pela esquerda e que consigam fazer 80 km por hora nas estradas muito apertadinhas, e assim chegar aos locais cedo;
  4. começar o dia cedo, para ver mais e chegar aos locais sem grande presença humana.

Todas as minhas grandes viagens foram fruto de planos bem elaborados. Mas não pense o leitor que estou sempre a correr de um lado para o outro sem tempo para apreciar a vista. Desde que tudo bem planeado, há tempo para tudo. E houve muito tempo para desfrutar. 

2000 km e 10 condados da Irlanda parecem impossíveis de se fazer para o leitor/viajante comum sem que se ande a correr de um lado para o outro. Mas se continuar a ler, vai ver que não só é possível, como é muito fácil.

Dia 26 de julho 2019 (1º dia) Dublin-Glendalough-Rock of Dunamase- Kilkenny

Aeroporto do Porto - 3.30 da manhã. Voo às 5h10 para Lisboa (TAP).

Aeroporto de Lisboa - 7.05 hora prevista de descolagem rumo a Dublin. O nosso voo (TAP) de Lisboa sofreu um atraso de quase 1 hora, mas aterramos às 10h30 no aeroporto de Dublin.

Levantámos o carro na agência de aluguer no aeroporto - 10/15 minutos ao balcão - e rumámos ao condado Wicklow para passar parte da tarde em Glendalough. A viagem demora 1 hora. Chegámos às 12h30.

Glendalough

Glendalough (Gleann Dá Loch) , cujo nome quer dizer vale dos dois lagos, é um vale glaciar de extrema paz e serenidade. A beleza advém das inúmeras facetas que ele contém - lagos, trilhos, ruínas, histórias e lendas -  e a serenidade advém da magia do local.

O local possui dois parques de estacionamento, perto dos lagos, e áreas de restauração. O visitante pode, por 5 euros, ficar a conhecer um pouco mais da história monástica daquele sítio entrando no visitor's centre ou vaguear gratuitamente por todo o terreno.

O dia estava deveras agradável: céu azul, com poucas nuvens e muitos foram os que escolheram aquele local para visitar ou simplesmente passear com a família. Mesmo com muitos visitantes, nunca encontrará por lá uma multidão. Há muita área a descobrir onde os visitantes se diluem. Quem visita o lugar vai sem dúvida pela beleza natural mas também pelo valor monástico. St. Kevin fundou o mosteiro ali no século VI e ainda hoje se vêem as construções da época, algumas das quais apenas ruínas. Se estacionar perto do Visitor Centre, vai ver logo a imponente torre redonda. Aliás é impossível perdê-la de vista.

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É nesta parte, perto do Lower Lake que se encontra o aglomerado mais significativo de ruínas, logo depois de uma pequena ponte de madeira que proporciona fotos memoráveis. Percorra as ruínas e explore o cemitério, focando a sua atenção nas cruzes celtas.

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St. Kevin's church and kitchen

 

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Demore o seu olhar na catedral e na torre redonda e entreveja a paisagem que se esconde por detrás do cemitério.

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Cathedral

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Depois caminhe mais um pouco e decida o caminho a tomar: o "green walk" (caminho verde) ou o "boardwalk" (passadiço). Recomendo que faça os dois e depois apaixone-se por qualquer um deles. O "boardwalk" permite-me visualizar a grandiosidade do lugar e tirar fotos mais abrangentes e com uma luminosidade fantástica.

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O "green walk" protege-o mais do sol e é mais por dentro da floresta, mas proporciona vistas para o lago. Também é o mais popular.

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Ambos imperdíveis e ambos o levam ao Upper Lake. 

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Assim isto é o que poderá contar dentro do parque:

1. Visitor Centre 
2. The Gateway
3. Round Tower
4. The Cathedral
5. St Kevin's Kitchen
6. St. Kevin's cross
7. The Priest House
8. St Kieran's Church
9. Trinity Church
10. The Caher
11. The Reefer Church
12. Glendalough lower and upper lakes
13. Cave - que não vi

Encontrará também um pequena cascata perto do Upper Lake e trilhos para percorrer, entre eles The Wicklow Way.

3 horas são suficientes para percorrer o parque e fazer um piquenique rápido.

Daqui partimos para Rock of Dunamase, cenário do filme Leap Year. 80 km de caminho e menos de 1 hora. Por aqui as estradas são mais rurais, mas como não há muito movimento, fazem-se bem. Chegámos ainda não eram 16 horas. 

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sem nome.pngLeap Year

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Encontrámos esta antiga fortificação celta praticamente deserta, com um casal de turistas a descer a encosta, prontos a partir, pelo que a tivemos só para nós, como muitos outros monumentos nos dias seguintes.

Inclua este desvio na sua rota. O monumento é mais bonito de longe, aparentando as ruínas estarem mais próximas umas das outras. Só chegando lá em cima se apercebe que estão bastante dispersas. Mas a subida valerá a pena, se não pelo monumento em si, pelas vistas.

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Há um estacionamento junto da igreja que se vê nas fotos, lá em baixo.

Demorámos por aqui 30 minutos - tempo suficiente para as ruínas.

80 km depois estávamos no nosso alojamento a 15 km do centro de Kilkenny. Demorámos algum tempo a chegar lá - o GPS fez-nos percorrer estradas rurais literalmente no meio de nada. O alojamento foi uma agradável surpresa. Ficámos numa cabana de madeira muito pitoresca e com uma decoração muito fofinha (à falta de melhor palavra).

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Cozy Countryside Log Cabin, Kilkenny.

Não conhecemos a nossa anfitriã, porque estava de férias. Mas sentimo-nos bem recebidas desde o primeiro momento. Para se aperceberem de quão pacata é a a vida ali, a senhora deixou a chaves da cabana na porta.

Como chegámos cedo, resolvemos explorar Kilkenny antes do jantar.

Kilkenny é uma cidade imperdível. É muito bonita com as suas casas coloridas, à semelhança de outras cidades. vilas irlandesas, mas possui muita história.

Rodeada pelo calmo rio Nore, Kilkenny contém em si inúmeros monumentos e pitorescas fachadas de edifícios. Cidade há mais de 400 anos, Kilkenny acolhe a equipa de hurling mais bem sucedida da Irlanda e por isso a homenagem em forma de escultura, nas margens do rio Nore, junto a St. John's bridge, com o castelo como pano de fundo.

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Também perto de St. John's bridge está situado o restaurante onde jantámos. Matt The Millers estava incluído no percurso devido às inúmeras recomendações no ciberespaço. Não desiludiu. As recomendações no ciberespaço são totalmente verdadeiras.  Matt The Millers possui está situado junto à S. John's bridge oferece excelente comida a preços muito semelhantes aos de cá, acompanhada de um bom serviço e música local.

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Uma salada muito bem temperada. Apetitosa!

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Been and Guiness Stew. Delicioso - jura, quem provou.

Antes e depois do repasto percorremos as ruas do centro, algumas ruelas medievais que fazem parte do Medieval Mile, e procurámos em vão a Butterslip Lane. Encontrá-la só no outro dia, quase sem contar.

 

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Saímos do centro de Kilkenny rumo ao alojamento contentes e já com muitas memórias a encher-nos o coração. Mas Kilkenny ainda não estava explorado. No dia seguinte, percorreríamos as suas ruas, conversaríamos com os locais que nos dariam informações preciosas, e mais uma vez nos deslumbraríamos com a serenidade que por ali imperava. E no final, despedir-nos-íamos com saudade da cidade que mais parecia vila.

P.S. Kilkenny, I love you.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Irlanda, P.S. I love you

Caro Leitor,

Por vezes os sonhos concretizam-se. Umas vezes, a sorte cruza-se no nosso caminho e os sonhos realizam-se com aparente facilidade. Outras vezes, levam anos a concretizar-se. Este ano concretizei um que tinha 20 anos. (Maybe it's all downhill from here).

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Fiz a viagem que tanto sonhara. Viajei até à Irlanda, numa viagem de verdadeiro viajante (And I wouldn't have it any other way). 10 dias numa viagem à descoberta da Irlanda pelas estreitas estradas verdejantes. 2000 km de carro e quase 1/10 disso a pé. 10 condados explorados (Dublin - Wicklow - Laois - Killkenny - Tipperary - Cork - Kerry - Limerick - Clare - Galway) e mais alguns atravessados. Grande parte da Wild Atlantic Way percorrida. Uma viagem de sonho. Com uma companhia fantástica.  Um sonho de viagem. Uma viagem que me fará sonhar por muitos mais anos. Trouxe desta viagem uma mala cheia prendinhas, uma coração cheio de emoções, sensações e histórias para contar. Trouxe de lá tudo, só não veio o irlandês.

Foi uma viagem plena, com quase todas as experiências clichés: a estreita estrada entupida com ovelhas e a viajante que tem que esperar para que elas possam passar; as quatro estações vivenciadas num só dia; a simpatia local em inúmeras situações (a viajante que chega demasiado tarde ao alojamento sem ter sequer jantado e a senhora do bed and breakfast que telefona para o pub local para preparar algo para o jantar), os diferentes sotaques das regiões irlandesas, o bafo da sorte irlandesa (the luck o' the Irish) em tantas situações, a música e a experiência dos pubs, a vontade de permanecer ali para sempre, a paixão arrebatada por (pelo menos) um lugar, a deliciosa e inesperada experiência gastronómica nos sítios mais inusitados e é claro a experiência atribulada, ainda que menos do que se possa imaginar, de conduzir na faixa da esquerda. Faltou só mesmo o arco-íris no céu irlandês, com ou sem pote de ouro no final. 

E tudo isto, bem temperado com Whiskey in the jar em todo o lado por onde passávamos. É uma música cujo refrão fica na cabeça -  se bem que nem tudo no refrão se perceba, sem ler com atenção a letra.

Refletindo agora que já passaram quase tantos dias quantos os da viagem, se calhar o amor veio noutra forma. Não trouxe o amor na forma de um irlandês. Trouxe o amor na forma de um país, de um povo, de um modo de vida. 

P.S. I love you, Ireland!

 

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