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Letters and words

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Irlanda - 6º dia (parte 2)

Caro Leitor,

Dia 31 -Killarney - Connor Pass - Slea Head Drive - Dunquin Pier - Adare

Tantos foram os quilómetros percorridos neste dia (350 km, no mínimo), tantas eram as fotos tiradas, tão vasta a escolha, tão demorado todo este processo de recolha, tratamento e upload de fotos, e tanto por dizer, que me vi na obrigação de cortar este dia a meio. Infelizmente, sem qualquer treino de ilusionista e sem grandes pretensões matemáticas, tratei de cortar este dia, já quase no final da última carta, sem plano previamente traçado, e o resultado é este: um dia dividido em duas partes que não foram irmãmente cortadas.  Consequentemente, para compensar o peso da carta mais pesada, estou, talvez, para aqui a encher chouriços.

Mas retomemos a nossa, minha, viagem.

Estava (e estávamos nós, caro leitor, que também viaja agora comigo, espero eu) em plena Slea Head Drive.  No caminho uma praia maravilhosa, mas antes de descermos até ela e de a experimentarmos, seguimos a pé as indicações para Dunmore Head. Mais uma vez, a sorte esteve do nosso lado, quando chegámos ao topo desta elevação ( 10 minutos de uma subida íngreme) estava apenas uma família a contemplar a vista ou quiçá a pedir que a force estivesse com eles  - este lugar foi, à semelhança de Skellig Michael, palco das filmagens do filme Guerra das Estrelas.

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Ficámos pouco tempo no topo, pois tínhamos deixado metade da tripulação na praia, e livramo-nos assim da multidão de turistas que chegava quando voltávamos à praia.

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A praia Coumeenole é pequenina mas convidativa. As águas não são muito rebeldes e nem muito frias.

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Na praia e no mar estaria talvez 40 pessoas. E o sol queimava a pele. O dia estava fantástico e a vontade de ficar por lá queimava-nos. No entanto, tivemos tempo para descansar um pouco e molhar os pés. O tour pelas praias da Irlanda ficaria para uma próxima viagem.

De volta a estrada, o sol veio connosco e as bonitas paisagens recebiam-nos de braços abertos.

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E nós íamos apreciando a paisagem, devagarinho (go mall).

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Chegar a Dunquin Pier não foi fácil, mas lá chegamos.

 

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O local quase tão impressionável como as fotos do pinterest ou do instagram.

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Só faltava mesmo as ovelhinhas!

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Descemos até ao pequeno porto, mas a vista mais bonita é aquela de cá de cima.

Tempo depois para um lanche no primeiro café que desesperadamente encontramos e - vou repetir-me novamente - mais uma vez a sorte guiou-nos. Era um pacato e quase deserto café à beira da estrada que não só tinha imagens do filme Ryan's daughter, filmado ali há muitos anos, 

 

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mas também nos oferecia uma vista alargada do mar, das ilhotas e da paisagem verdejante.

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O nosso próximo ponto de paragem foi a vila de Adare, no condado de Limerick. Conhecida por ser umas das mais bonitas aldeias da Irlanda, Adare deve sem dúvida uma considerável parte da sua fama às casinhas de colmo

 

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Estas estendem-se por alguns metros, numa das ruas principais da vila, do outro lado da Trinitarian Abbey e perto do Adare Park. Ou seja, são no total talvez 10. Muitas delas são privadas, mas há entre elas, alguns restaurantes e lojas e ainda algumas em fase de restauro. Tiram-se aqui umas bonitas fotos, mas, talvez, para o turista pouco mais há para ver.

Seguimos para Knockagulla no condado de Clare onde o descanso merecido nos esperava.

O nosso B&B Harvest Moon foi perfeito. A casa é privada e o andar de cima está reservado a hóspedes. O quarto era agradavelmente grande, confortável e bem decorado, e a casa de banho moderna e ampla. A proprietária era jovem e simpática e deu-nos umas dicas muito importantes. O hóspede tem ao seu dispor a cozinha com inúmeros produtos para o pequeno-almoço com um pequeno jardim com uma mesa e cadeiras nas traseiras, e nos quartos, para quem não está suficientemente cansado, há Netflix para os miúdos e jogos de tabuleiro para os graúdos (sim, nesta altura em que vivemos acho que é mais assim do que o inverso).

 

P. S. I love you, Slea Head Drive!

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Irlanda - 6º dia (parte 1)

Caro Leitor,

A noite em Killarney foi talvez a noite que aproveitámos melhor. Com dias tão preenchidos é impossível preencher muito a noite. Mas também viver la vida loca noturna não é de tudo o nossa missão. Lo siento, Ricky!

Em Kilkenny não aproveitámos muito - não sabíamos como iriam ser as viagens de carro, as estradas rurais irlandesas, as multidões de turistas, o trânsito (ou como iríamos lidar com todos os pedidos de casamento por parte dos irlandeses) e por isso deitámo-nos cedo. Em Cork vimos um pouco - mas demais - da vida noturna. (Disclaimer: estes emojis não se aplicam a nós, mas sim à vida noturna hardcore em Cork). Em Rosscarbery, foi uma belíssima noite num pub fantástico (quaint and real). E em Ballinskelligs, tivemos que dormir mais cedo porque o dia começaria antes das 7h, por causa da antecipação da viagem de barco.

No entanto,  chegamos cedo a Killarney e antes de encontrarmos um excelente restaurante para o jantar, passeámos pelas elétricas e coloridas ruas da cidade.

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Killarney é pitoresca e à noite todos parecem sair de suas casas/alojamentos e aproveitar a música gratuita que preenche as ruas já inundadas pelas multidões de turistas felizes. Na altura que estivemos por lá, a cidade estava ao rubro e nota-se que vive muito do turismo. Sendo popular para turistas, Killarney não deixa de perder o charme com esta invasão. As ruas são pitorescas, com as casas com fachadas multicoloridas. Os restaurantes são encantadores. As lojas de souvenirs uma perdição. Os artistas de rua oferecem entretenimento variado. E há igrejas e catedrais para ver - mesmo à noite, por fora, com uma luz erie

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Saint Mary's Cathedral é muito bonita no seu exterior e parece também que o seu interior não lhe fica atrás. Infelizmente, quando chegamos a Killarney, já estava fechada.

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Jantámos aqui.

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Apesar da longa fila de espera, fomos bem atendidos e a comida estava muito boa. O restaurante é pitoresco e simpático.

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O nosso B&B Countess House ficava a poucos passos do centro da cidade e é uma boa opção caso esteja a planear passar por esta cidade. Na manhã do sexto dia, depois do pequeno-almoço, partimos rumo a Ross Castle. Para o visitar, o preço de admissão é de 5 euros e inclui um guia. Também há a possibilidade de fazer um passeio no lago (Killarney Lake tours), a partir das 11 horas, por 12 euros. O plano era parar aqui para ver o exterior do castelo, ver os barquinhos, tirar fotos e admirar a paisagem. Chegámos bem cedo, num dia que ameaçava ser tristonho, e por lá os turistas/madrugadores contavam-se com a ajuda de duas mãos.

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Rumámos depois em direção a Aghadoe Cathedral (um conjunto de ruínas e um cemitério)

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e ao miradouro sobre os lagos de Killarney.

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Em Killarney, poderá ainda aventurar-se pelo Killarney National Park e escolher entre os inúmeros percursos que este parque oferece.

Seguiu-se Dingle e a Dingle Peninsula. Aqui o mar encontra a montanha, quais primos distantes, e, num abraço quente e sentido, o azul toca no verde. E o turista, esse, deixa-se embalar pelas mãos destes primos distantes, seguindo viagem, numa reta interminável ladeado pela montanha e pelo mar.

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Conor Pass (ou Connor Pass) é um desvio, mas em tudo merecedor. É uma das mais altas passagens montanhosas da Irlanda e presenteia o turista com um ponto estratégico para observar e contemplar Dingle e Brandon Bay.

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Para lá chegar terá que subir bastante, mas será generosamente recompensado.  Depois do almoço e da subida íngreme do Conor Pass, voltamos à estrada.

Se pretender rumar a Slea Head Drive - que aconselho - terá que passar novamente por Dingle (e agora percebe porque referi Conor Pass como desvio)- mas se há lugares que vale a pena voltar, por que não este?

A belíssima e imperdível Slea Head Drive é uma rota circular junto ao mar de um azul inesquecível. Ainda que tivesse recolhido informações sobre o perigo desta estrada e os cuidados a ter com as camionetas, visto ser uma estrada estreita na borda de um penhasco, a verdade é que o passeio de carro foi isso mesmo, um passeio. Nada de alarmante a registar - mas também não fui eu a conduzir .

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A estreita estrada serpenteia a costa e propicia fotos memoráveis. O sol brilhava e as fotos ficaram incríveis. A vontade era de parar a cada 100 metros e ficar a contemplar a serenidade e a beleza extraordinária da paisagem. 

 

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A estreita estrada praticamente não tinha trânsito o que tornou o passeio muito agradável...

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(To continue)

 

 

 

 

Irlanda - 5º dia

Caro Leitor,

Dia 30 - Skellig Michael -Kerry Cliffs - Castelos e fortes - Gap of Dunloe

Um dos grandes dias! O dia em que viajaríamos até Skellig Michael, sítio de grande valor histórico, estético, mas também de grande valor cultural - pop cultural (algumas das cenas mais surpreendentes da nova saga da Guerra das Estrelas foram filmadas neste local).

A viagem de barco estava reservada para as 9 horas, mas tudo estava em aberto até ao dia da mesma. Caso as  condições meteorológicas fossem desfavoráveis, esta viagem seria rapidamente cancelada.  No dia anterior, informaram-nos que a viagem tinha sido antecipada para as 8 horas da manhã.

O nosso B&B encontrava-se a 15 minutos do porto, o que implicaria sair cedo e sem pequeno-almoço não fosse a simpatia do casal anfitrião que nos preparou algo para tomar.

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Ainda tivemos direito a show de magia e sessão de guitarra por parte do anfitrião (foto supra), que seriam encarados de outro modo caso não estivessemos com muita pressa - ou talvez não!

O porto que escolhemos foi o de Portmagee e é facil de encontrar. O local possui algumas lojas de lembranças e restaurantes, parque de estacionamento gratuito e casas de banho.

A viagem até à ilha demora 1 hora e, dependendo do estado do mar, pode ser complicada para quem enjoa (e para quem não enjoa). Por isso, tome um comprimido para o enjoo, pelo sim pelo não, e prepare-se para uma viagem que em alguns aspetos se assemelha uma montanha russa.

A passagem do barco para terra (degraus) pode ser complicada, mas ouça e siga as instruções.

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Uma vez na ilha, o guia do barco acompanha-nos ao inicio dos perigosos degraus para subir até ao topo de Skellig Michael. Aqui, informam-nos das medidas de segurança a tomar e do modo correto de subir e descer a ilha montanhosa. Também nos disseram que éramos uns sortudos - yet again - pois ainda teríamos oportunidade de ver os puffins antes destes partirem. O dia em que atracamos seria o último dia destes fofinhos animais da ilha.

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A subida e descida não são assim tão perigosas ou assustadoras como a Internet faz transparecer, mas deverá fazer o percurso com cuidado e calma, ao seu próprio ritmo. Pode ir tirando fotos e filmando, há aliás patamares que lhe permitirão descansar com mais segurança. São 600 degraus que poderão ser assustadores para alguns mas a beleza que oferecem bate qualquer medo.

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Encontrará muitas oportunidades para fotografar os puffins, que mais parecem modelos profissionais mantendo a pose e permanecendo imóveis para que consigamos uma foto perfeita.

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Uma vez lá em cima, terá um outro guia à sua espera que lhe conta a história do local.

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A serenidade do momento, o tom calmo da guia, o sol que começava a aquecer-nos, tudo parecia querer fazer com que ficássemos por lá mais tempo, como se de tudo o resto tivesse sido esquecido e só existisse aquele momento.

A contextualização histórica dura cerca de 20 minutos e é essencial para quem chega sem nenhum conhecimento. Depois tem algum tempo para percorrer o sítio, tirar fotos e comer algo - nos locais designados. 

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No regresso, mais uma vez os degraus, agora muito mais preenchidos por turistas - chegar à ilha na primeira viagem de barco do dia é mesmo essencial - e os puffins. A duração da visita é de 3 horas, tempo suficiente para explorar. De relembrar que não há casas de banho e todo o lixo que fizer deverá trazê-lo consigo.

A viagem de regresso de barco continuou agressiva (choppy), mas se no trajeto para a ilha a ansiedade e o desejo de aventura pesava mais do que o medo/enjoo, agora no regresso, as memórias pesavam bem mais do que o mar revolto. Na viagem de regresso, terá oportunidade de ver melhor a outra ilha - Little Skellig.

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É tempo de regressar a terra. É tempo de descer das nuvens.

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Depois de um almoço rápido, seguimos para os Kerry Cliffs de Portmangee. Pelo caminho, poderá ainda visitar a loja dos Skellig Chocolates. Os Kerry Cliffs situam-se a 2 km de Portmangee e paga-se para estacionar pois o terreno que dá acesso aos penhascos é privado. No entanto, não deixe que os 4 euros os desmotive. Vale bem a pena a passagem por lá. É uma caminhada de 10 minutos até a um dos miradouros - os penhascos possuem 3, com três níveis e vistas diferentes.

 

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As vistas são muito bonitas e a caminhada para percorrer todos os miradouros deixa-lo-á aproveitar a paisagem. Reserve 1 hora para este local. Há um pequeno café no estacionamento que serve uns deliciosos scones.

Seguiram-se depois umas ruínas: as primeiras pertencentes ao castelo Ballycarberry. Tente tirar pelo menos uma destas fotos, e depois avance até pertinho das ruínas. Não poderá chegar muito mais perto pois está vedado.

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As próximas ruínas pertencem a Cahergal Stone Fort. A 1 km do castelo anterior, é impossível não parar aqui para admirar a construção circular. Lá ao fundo, verá o castelo Ballycarberry

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e do outro lado um outro forte, desta vez Leacabuaile Stone Fort que acabámos por não visitar.

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Aqui perto poderá ainda ver a praia Rossbeigh Strand, perto de Glenbeigh, e o Kerry Bog Village Museum que contém casas de colmo num recinto fechado. Nós seguimos estrada,

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em direção à famosa, belíssima, Gap of Dunloe.

Dizer que é uma bonita estrada no meio de montanhas é redutor. Esta estreita estrada estende-se por 11km e atravessa as montanhas MacGillycuddy. As fotos não lhe fazem justiça. 

 

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Talvez o vídeo que fiz faça jus à experiência vivida ali, naquele lugar tão mágico!

 

Gostámos tanto da estrada que a fizemos duas vezes. Bem, na verdade tal deveu-se ao facto de que o melhor caminho para o nosso destino era mesmo voltar para trás. Fizemos então a Gap of Dunloe duas vezes (twice the fun) não sem antes passarmos por propriedade privada. Soooooo sorry! (Em nossa defesa, o GPS mandou-nos por lá).

A Moll's Gap também me parece interessante, mas foi retirada do plano pois sabia que não iria conseguir ver tudo. Do plano também constava o miradouro Ladies View e, se ainda houvesse tempo, Muckross Abbey e  Muckross Lake. Caso não tivéssemos tido oportunidade de ver a ilha, poderíamos passar algum tempo em Muckross House (bilhete para a casa 9,25 euros, mas os jardins são gratuitos) ou simplesmente ver a Torc Waterfall que fica a 200 metros deste local. Infelizmente, já estava na hora de chegarmos ao nosso próximo alojamento, pelo que rumámos a Killarney para explorar a cidade.

Sem dúvida, o condado de Kerry foi o mais bonito que visitei. Possui tudo o que gosto - ilhas, lagos, montanhas, verde, cidades e vilas pitorescas, um ritmo bucólico (aos olhos do turista, é claro) e se um dia voltar à Irlanda, voltarei aqui.

P.S. I love you, Gap of Dunloe!