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Letters and words

Letters and words

Irlanda - 9º e 10º dias

Caro Leitor

Sou uma amante da natureza, uma amante dos "daydreams" que as viagens de carro no banco do passageiros nos permitem fazer. Por isso e por tudo o que "conhecia" da Irlanda, Dublin nunca foi um ponto particularmente atrativo. Era a capital da República da Irlanda e, à semelhança de Zagrebe (ver carta do passado), um local a visitar por ser a capital. Para mim, sonhar com a Irlanda é sonhar com as paisagens verdejantes, estradas sem fim à vista e muitos sotaques à mistura. Como tal, a minha expectativa em relação a Dublin não era enorme. Sabia que era uma cidade com algumas zonas interessantes, mas pouco comparável à riqueza turística de Roma, por exemplo, ou à beleza serena de Praga. Não quero com isto insultar nenhum Dubliner. Dublin poderá não ser um sonho para um turista ou pelo menos para mim, mas será certamente uma cidade agradável para viver. Eu própria vivo numa cidade no distrito do Porto que não sendo uma cidade bela, é, no entanto, uma bela cidade para se viver.

Depois de deixarmos o nosso amigo de muitos quilómetros e de muitas aventuras, a.k.a, o nosso carro, no aeroporto, apanhámos um táxi para aquele que iria ser o nosso apartamento nas 42 horas seguintes (give or take). O taxista deixou-nos numa área residencial moderna, perto de Skyview Tower e da Old Jameson Destilary,  e depois de passarmos talvez meia hora à procura do nosso apartamento

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- que afinal estava a 100 metros do sítio onde o taxista nos deixara -  e de pousarmos as malas já mais cheias do que tinham vindo, partimos à descoberta da baixa dublinense. Deparámo-nos logo com o Rio Liffey,  presença incontornável para quem se movimenta na cidade. Percorremos algumas ruas e fomos vendo do exterior alguns dos sítios que iríamos visitar no dia seguinte. As ruas ainda estavam movimentadas. Muitos, turistas e Dubliners, vagueavam as ruas à procura de algo para comer ou para beber.

Jantámos pela zona do Temple Bar e depois de vaguearmos pelas ruas movimentadas regressámos ao apartamento.

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Dublin, cujo nome deriva de Lago Negro,  amanheceu solarengo e convidativo tornando o nosso dia de incursão pela história da cidade verdadeiramente agradável. O plano era conhecer as catedrais, visitar Trinity College (a famosa universidade onde se pode vislumbrar o também famoso Book of Kells), e passear pela cidade vendo as ruas, a agitação e as famosas portas georgianas.

A universidade é bonita enquanto edifício exterior e a zona comum à volta dos vários edifícios que a compõem é ampla e agradável. Chegámos bem cedo, por volta das 9 horas e não encontrámos um longa fila para a bilheteira. Haverá sempre fila aqui e onde a notámos mais foi já dentro do edifício à volta do que estava exposto. A biblioteca é bonita, mas visitá-la com muitos turistas tira-lhe o brilho. Todas as fotos tiradas à sala apanham turistas.

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Só conseguimos tirar uma foto sem curiosos se apontarmos a nossa objetiva para as laterais, onde se encontram entre outras coisas bustos de ilustres.

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O Book of Kells é interessante pela história, mas, verdade seja dita, não o podemos ter nas nossas mãos, senti-lo o peso, e a textura das suas páginas, ver o relevo das iluminuras, qual Robert Langdon nos arquivos secretos do Vaticano, e por isso perde o seu encanto. Fiquei desiludida.

Passeámo-nos pelas ruas da cidade, sempre com o Liffey ao nosso lado e por volta do meio-dia sentámo-nos num dos inúmeros bancos que acompanham o rio para ver a competição de natação. Ainda teríamos que esperar 1 hora por isso aproveitámos para almoçar por ali e descansar. A espera valeu a pena. O rio depressa se transformou numa autoestrada com várias faixas e o espetáculo gratuito foi deveras interessante. A água do Liffey deveria estar "fresquinha" e muitos dos participantes - os últimos - já perdiam as forças e quase que boiavam, mas animavam-se com o entusiamos das "claques". 

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Um aplauso para eles e elas. Nadar 2,200 metros não é para todos. Eu que o diga, que para fazer 800 metros parece que morro.

Fica aqui uma curiosidade: o rio é de facto bem escuro e aparentemente sujo e os nadadores tem ao seu dispor no final do percurso um chuveiro para a descontaminação.

Seguiram-se as catedrais. A primeira a  Christchurch

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e depois a Saint Patrick Cathedral.

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As duas bonitas por dentro e por fora. As duas igualmente imperdíveis. As duas com bilhete de 8 euros. A visita às duas poderá ser demorada, não pelas filas que encontrámos, mas pelo o que têm para oferecer aos nossos regalados olhos. A de Christchurch tem muitos elementos decorativos interessantes e a cripta oferece uma variedade de exposições e até é possível ver um verdadeiro "jogo do gato e do rato". 

Ambas têm bonitos jardins exteriores, mas a última tem uma jardim maior onde as pessoas se sentam a aproveitar o bom tempo e possui algumas placas celebrando figuras ilustres, como por exemplo os escritores Oscar Wilde e Jonathan Swift.

Depois continuamos o nosso passeio pelas ruas de Dublin, passando mais uma vez por Grafton Street. Visitamos o St. Stephen's Green um parque enorme onde os Dubliners e turistas vêm passear. Depois percorremos umas tantas ruas em busca das portas georgianas

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e depois um passeio por um outro parque de Dublin, o Merrion Square Park, procurando exaustivamente este senhor.

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Tivemos que usar o GPS - irónico, tendo em conta que o nosso plano nos permitiu, nas cidades, enquanto pedestres, não necessitar de tal engenhoca. Parecíamos adolescentes à procura de Pokemons.

Ainda encontramos a Molly Malone - desta vez sem auxílio do GPS- antes de jantarmos novamente perto de Temple bar, desta vez num pub com música ao vivo.

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O dia seguinte aproveitamos para conhecer a parte norte da cidade e fazer algumas "last minute" compras. 

Tomámos pequeno-almoço perto de ponte Ha'Penny

 

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e rumámos ao monumento Spire passando pelo belíssimo edifício dos correios - que na altura não fazíamos ideia do que era - e foi nessa mesma rua que nos perdemo....nas inúmeras lojas de recordações.

Seguimos até ao Garden of Remebrance e à bonita igreja (exterior) que fica mesmo ao lado, Abbey Presbyterian Church.

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Durantes as horas que aqui ficámos, várias vezes nos cruzamos com o castelo de Dublin que optámos por não visitar. Aqui o bilhete varia entre os 12 euros com visita guiada ou 8 euros visita sem guia. 

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Um outro edificio com o qual nos cruzamos algumas vezes é o Sunlight Chambers com as suas bonitas imagens.

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Há quem visite Dublin e faça questão de entrar na Guinesss Storehouse - dizem que a experiência é interessante e o bilhete (25 euros) dá direito a uma cerveja. Eu não bebo bebidas alcoólicas e naquela altura tinha outros interesses que suplantavam a visita a tal lugar. Há quem ainda compre o Dublin Pass (60 euros) que não faz sentido turistas que não querem ir a Guiness nem querem andar no hop on hop off bus, que são as diversões que muitos turistas procuram e que são as mais caras.

O último dia é sempre o mais triste e o mais cansativo. As forças escapam-se de nós como se quisessem ficar pela Irlanda - sei que se ainda tivesse mais dias de visita não sentiria esse cansaço.

A chuva irlandesa despede-se de nós e como se dissesse "desculpem não vos ter acompanhado tanto quanto eu queria" cai forte durante 10 minutos. Está na hora de chamar um táxi e rumar ao aeroporto. Mais uma vez com o coração cheio - e desta vez a mala também.

P.S.I love you Ireland! See you soon!