Hoje - dia de chuva, cinema na tela
Caro Leitor,
Hoje vi o filme THE DEAD DON'T DIE no TVCINE ACTION.
É um filme para descontrair e que vale a pena, se por nada mais, pela enxurrada de referências à cultura pop, suplantada apenas pela enxurrada de figuras e atores conhecidos (tema comum a muitos filmes de comédia sem grande enredo). Para além do entretenimento que a descoberta das referências à cultura pop, qual Easter egg-hunt, pode trazer, temos também aqui um filme que se insere naquilo que se denomina por metacinema - filmes que revelam à plateia que estão a ver uma obra de ficção. A mais surpreendente flagrante pista é logo no início quando a personagem de Adam Driver responde à questão da personagem de Bill Murray relativamente à familiaridade da música que estão a ouvir (The Dead Don't Die) dizendo claramente que a razão por detrás de tal familiaridade é porque a canção é o tema principal do filme. No final há uma outra metapista, mas esta já todos estavamos à espera.
Entre as referências que desfilam no filme menciono as minhas preferidas:
1- o som do carro da personagem de Adam Driver. Peterson conduz um Smart mas o som é claramente de uma nave espacial do Star Wars, filme pelo qual Adam driver ficou mais popularmente conhecido. Não será esta a única referência ao Star Wars - aliás muitos dos atores personificam algum filme que já fizeram.
2. referência ao videoclip Thriller de Michael Jackson.
3. um heads-up, ou deverei dizer um, hats-up, à emblemática frase "Make America great again", que vimos em muitos bonés durante a capanha de Trump, e que aqui é substituída por "Make America White Again".
4. A repetida referência à própria produtora Kill the Head, icónica cathphrase de qualquer filme de zombies que se preze.
5. O trocadilho da UPS - no filme, o funcionário desta companhia é realmente o rapper de Wu Tang Clan e por isso a companhia surge como Wups.
6. As cadeiras onde os jovens delinquentes, ma muito inteligentes, se sentam parecem lápides, vistas detrás.
Há inúmeras referências a filmes do género, quer no enredo quer nos adereços, e parece-me que o realizador Jim Jarmush tinha como objetivo prestar homenagem ao género.
No fim, com a voz off de Tom Waits - o único sábio e sobrevivente - percebemos que na verdade este filme pretende refletir sobre a sociedade em que vivemos e nos zombies que somos todos nós, ávidos de coisas. Os zombies dos filmes regressam à "vida" com um único desejo para além de se alimentarem, o desejo de obter aquilo que mais queriam em vida, seja isso wifi gratuita, café, ou uma guitarra (este último zombie é o próprio cantor do tema principal).
Por isto e por todas as outras razões que possam não estar aqui, este filme de 2019 é uma boa razão para descontrair e rir. Veja com alguém e juntos tentem ver quem vê mais referências. Foi o que mais me divertiu.