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Letters and words

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Fé, move, montanhas - viagem imaginária (parte 2)

Caro Leitor,

Hoje é dia de montanha! Croagh Patrick é uma montanha que se eleva 764 m do solo, perto da cidade de Westport no condado de Mayo. 

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Depois de um brunch delicioso e saciante, dirijo-me até ao sopé da montanha, junto ao despretensioso parque de estacionamento. Um último olhar antes da escalada. Um último olhar inocente, ingénuo antes da descoberta. Mochila cheia de provisões, coração cheio de coragem e olhos plenos de entusiasmo, foi assim que começou a minha viagem. Não é assim que devem começar todas?

À medida que escalo a montanha, o pensamento eé inundado por informações que recolhera na fase de preparação desta viagem:

"Lugar de peregrinação, a montanha é visitada por milhares de crentes ou simplesmente por amantes da natureza e do exercício. No último domingo de julho este local torna-se bastante popular, mas a subida faz-se em qualquer altura do ano. O caminho é traiçoeiro e deve ser feito com cautela e com bom calçado. Para fazer este íngreme percurso deve dedicar 4 horas, tempo suficiente para subir e descer a montanha,  para descansar e tirar fotos."

Croagh Patrick

A subida é dura mas a recompensa é grande. O caminho é irregular,  mais cheio de pedras e pedregulhos do que outra coisa.

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Há um som que nos acompanha na subida. O som das pedras que deslizam e que abafam os nossos pensamentos. Já perto do cume, perguntei-me como era possível que alguém ousasse fazer isto descalço. Mas há quem o faça. 

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A neve torna a aventura mais bela e falsamente mais suave. Mas muito mais traiçoeira.

No topo, uma igreja simples pronta a acolher os de coraçõa cheio de fé

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e uma vista de imensurável beleza sobre as ilhas e as montanhas. Lá ao fundo, onde estive ainda ontem, no meio de um mar de ilhas, lá ao fundo a baía de Clew.

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A serenidade mais uma vez. No meio do nada, mas no topo do mundo. A serenidade é cortada só pelo vento gélido que se faz sentir. Rezam alguns, meditam outros. Eu penso e fotografo com ajuda da minha camera e dos meus olhos o que vejo e senti. Provisões quase esgotadas, está no hora de descer. Será que as pernas aguentam?

A subida foi penosa, mas a descida não é menos.

sobe e desce

Cá em baixo, a vontade é grande para regressar ao hotel. Só é suplantada pela vontade de ficar ali no estacionamento a olhar para a montanha que vencemos. Chove. O primeiro pensamento vence.

Regresso ao hotel. Pausa e descanso rápido. Ainda há vontade de ver a cidade de Westport. 

Não neva. O céu está cinzento mas a tarde está ainda assim convidativa a um passeio pelas ruas pitorescas de Westport. Esta cidade faz-me lembrar Kilkenny.

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As casas coloridas, cheias de vasos floridos, as pequenas pontes sobre o calmo rio,

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as simples praças onde as gentes passeiam sem pressas, sob o olhar penetrante de uma torre do relógio que marca as horas em ponto,

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e o memorial à fome...O sol espreita por breves momentos...

O palácio Westport House ficará para uma outra altura. Sim, porque nisto das viagens podemos ver tudo mas fica sempre algo para ver.

Regresso ao hotel. São 17 horas. Escurece. E a neve começa a cair.

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Piratas, ilhas e tesouros - viagem imaginária (parte 1)

Caro Leitor (em particular Miluem),

Parti hoje, há pouco aliás, numa viagem desafiante. Parti a convite de uma leitora. Uma das poucas do blogue. Uma leitora que respondeu ao meu convite. 

Tendo sugerido Irlanda e tendo eu já visto uma grande parte deste belíssimo pais,(ver cartas anteriores para mais detalhes) escolhi o próximo condado: Mayo.

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Parti assim na viagem que desafiará a minha mente e talvez me entristeça um pouco. 

O meu primeiro destino foi a baía de Clew (Clew Bay). A Irlanda é um verdadeiro baú de piratas, primeiro porque nunca se sabe o que de lá sairá (ver cartas anteriores) e depois porque seria sem dúvida um paraíso para piratas (que hoje em dia chamaríamos Gangsta's paradise - para quem não percebeu, é uma referência aos anos 90) por tantos tesouros aqui enterrados prontos a serem descobertos. 

No condado de Mayo situa-se Clew Bay, uma baía que abraça 365 ilhas - rumor talvez lançado pelos piratas para que o comum dos mortais rapidamente desista de as explorar e por isso  falso (não se pode confiar nos piratas, terá dito Amber Heard [veja lá se descobre a referência]). A maior parte delas inabitáveis e de tamanho S, mas enfim o tamanho não importa no que diz respeito a ilhas, fique a saber caro leitor que 6 são habitáveis.

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John Lenon terá comprado uma ilha destas para refúgio.

Da baía de Clew, apanho um ferry que em 15 minutos, sem grandes tormentas, me leva até a ilha Clare. Considerada a jóia entre estes tesouros, com 8 km de comprimento, esta ilha oferece falésias de tirar a respiração, caso se caia de uma delas, trilhos verdejantes, sítios históricos, serenidade e muita simpatia dos seus 130 habitantes que por esta época baixa por lá permanecem, Dizem-me, sem máscara porque na minha imaginação não há covid quando viajo, que no verão há mais gente. Acredito.

Depois de pousada a bagagem, parto para a aventura planeada ainda pela manhã. Nada fica por experienciar: os trilhos, as falésias, o seu ponto mais alto a 462 metros (Knockmore), a história abandonada a serenidade e a simpatia dos habitantes desta ilha.

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Num desses trilhos, encontro um grupo que me pede para tirar uma foto. 

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Regresso ao Hostel para descansar e secar as minhas roupas - esta baía pode não ter 365 ilhas mas a ilha tem 4 estações num só dia, não fosse ela território irlandês. Frio, chuva, sol e até um arco-íris me brindou na minha aventura solitária.

São 5 horas da tarde. Depois de uma banho quente e de um descanso merecido, um repasto dos deuses é o que se seguirá.

Amanhã, regresso ao continente, a Westport novamente. Hoje uma ilha. Amanhã uma montanha.

CLARE ISLAND ADVENTURE - IRELAND - YouTube

 

Confinamento, a quanto obrigas!

Caro Leitor, 

Impossibilitada de escrever sobre o que vi e visitei - porque 2021 não me deixa sair de casa para ver e visitar, e relembro que 2020 ainda me deve pelo menos uma viagem à Escócia e temo que o seu irmão ma´novo mas mais castigador , 2021, não saldará a dívida de seu irmão ma'velho - eis-me aqui a pensar disparates e a escrevê-los à velocidade do meu pensamento.  Daí o tamanho desta frase. Disparates porque voltaram as aulas online, mas deste vez com aulas também presenciais, e devo estar louca por julgar que terei tempo para hercúlea tarefa - gosto muito desta palavra, "hercúlea", não "tarefa".

Assim sendo, e retomando o tema que me trouxe até aqui, do site da escola virtual para preparar aulas online até ao sapoblogs, entenda-se,  proponho-me a escrever sobre o que não vi nem visitei. Em época de "ventiras e menturas e andrébices", palavras de uma grande filósofo contemporâneo, o meu texto não destoará assim tanto. Pelo menos, não magoará ninguém e seguirá com um disclaimer sugerindo que se trata de escrita deveras criativa.

Por isso, aceitam-se propostas de sítios sobre os quais me possa debruçar já que neles fisicamente não me posso aventurar. Sítios onde os leitores não estiveram mas gostariam de ter estado.

Fica aqui o repto. Se nenhuma proposta avançar saberei que falhei e que a inspiração que me agarrou há 10 minutos, tempo em que iniciei esta missiva, não terá frutos. Talvez seja cedo demais - ainda falta muito para a Primavera. Talvez não tenha assim tantos seguidores. Talvez o confinamento já se esteja a revelar negativamente na minha mente que, aparentemente, pensa que mente bem. Só mente periodicamente. Somente periodicamente. Dependente das sugestões da mente de alguém.

 

Respeitosamente,

A escritora