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Letters and words

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Bailinho (mais uma volta)

Caro Leitor,

Dia 3 (12 de julho) - talvez o dia mais fantástico

Para que se possa situar com mais facilidade, insiro aqui os mapas que me auxiliaram na planificação do percurso desta viagem - uma vez no local deixei-me guiar pelas placas da estrada ou pelo GPS, mas sempre com o percurso em mão.

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1- Funchal  2 - Monte  3 - Câmara de Lobos  4 - Cabo Girão  5 - Ribeira Brava   6 - Ponta do Sol  7 - Calheta   8 - Jardim do Mar   9 - Prazeres  10 - Paúl do Mar  11 - Fajã da Ovelha  12 - Ponta do Pargo  13 - Porto Moniz  14 - São Vicente  15 - Encumeada  16 - Curral das Freiras  17 - Pico do Arieiro  18 - Pico Ruivo   19 - Ribeiro Frio   20 - Santana   21 - Porto da Cruz
22 - Santo da Serra  23 - Camacha  24 - Aeroporto  25 - Machico  26 - Caniçal  27 - São Lourenço

 

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Se no segundo dia fizemos a costa sudoeste e noroeste da ilha da Madeira (Câmara de Lobos, Cabo Girão, desvio até ao Miradouro da Eira do Serrado para descer novamente até a costa, até à praia da Ribeira Brava, e daí  continuar à beira-mar passando pela Calheta, Jardim do Mar e Paúl do Mar e finalmente Porto Moniz), o plano deste terceiro dia era descobrir o lado este da ilha, dando particular atenção à costa sudeste e a costa nordeste.

A Ponta de São Lourenço era um ponto fundamental. A baía do Machico fica a caminho e parámos para dar uma vista de olhos à praia da Banda d'Além, uma das poucas com areia amarela. Foi, aliás, no concelho do Machico que desembarcaram pela primeira vez os descobridores da Madeira, João Gonçalves Zarco e Tristão Vaz Teixeira, entre 1418 e 1420.

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Pelo caminho, o turista vê-se obrigado a jogar um jogo de peek-a-boo com a Ponta de São Lourenço, que timida e intermitentemente se mostra e se esconde. Seguimos pela ER109 onde, já perto da Ponta e depois de passar por uma das mais belas praias da ilha (que passará despercebida ao turista mais desatento), encontrámos uma rotunda com indicação para a Ponta de São Lourenço, na primeira saída à direita,  e para o miradouro, segunda saída. Decidimos, depois de algum tempo dedicado àquela área que mais parecia um deserto com um pequeno oásis - repare na pequena zona verde na foto - 

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ir primeiro à Ponta de São Lourenço. Mesmo antes de se maravilhar com a paisagem desta ponta mais a leste da Madeira, encontrará um lindíssimo complexo turístico que mais parece saído da imaginação de Walt Disney. Trata-se da Quinta do Lorde, complexo que desconhecíamos e que, como o próprio nome indica, tem tanto de exclusividade como de deslumbramento. Pesquise, caro leitor e acredite que vai ficar deslumbrado.

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E eis que de repente, nos deparamos com esta paisagem. Esta é uma das fotos mais belas que tirei. Vê-se a natureza agreste da ponta e parece que estou num lugar mais remoto, longe do meu país.

 

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Uma subida leva-nos até um largo, ponto a partir do qual os carros não têm mais acesso, e é aqui que pode fazer a Vereda da Ponta de São Lourenço, que me parece fantástica. Uma ótima opção de vereda caso goste de caminhada, desafios e  paisagens que lhe tirem o fôlego, literalmente. Tem 4km mas, como não é circular, esses 4km resultam na prática em 8km. Na procura de informação sobre as diferentes veredas há vários sites especializados no assunto, como por exemplo o Walk me, um excelente site para quem está a pensar fazer algumas veredas. Também existe uma aplicação para os smartphones.

Apesar de esta vereda estar na lista de veredas a fazer um dia na ilha, não foi desta que a fiz.

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Se estiver com fome, saiba que aqui, encontrará roulottes com snacks. Voltamos pela mesma estrada até rotunda para desta vez seguir em direção ao miradouro.

A paisagem é indescritível. As fotos não lhe fazem justiça, apesar de estarem bonitas, if I may say so myself!

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Encontrará aqui pelo menos uma roulotte, com café e tudo, e existem neste miradouro mesas e bancos. Depois de um almoço ou de um lanche almoçarado (previamente preparado por nós) com esta paisagem como pano de fundo, voltámos à rotunda, para desta vez dar atenção merecida a mais um local imperdível. É nesta parte da ilha que encontrará a única praia de areia natural da ilha - areia vulcânica. Uma praia lindíssima, situada entre penhascos, escondida numa das partes mais áridas da ilha, como iria descobrir no dia seguinte. Neste dia, apenas tirei fotos de cá de cima.

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Seguimos para a freguesia de Porto da Cruz, sítio onde não me importava de morar. Já lá chegámos por volta da 1 hora e sinceramente não me apetecia sair de lá - nota-se, não se nota?

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Tem uma vista lindíssima e o mar tem uma cor fantástica. Não fazia um sol esplendoroso, o que, na minha opinião, contribuía para o charme do lugar.  A combinação do verde da vegetação, com o branco da espuma, com o verde-azulado do mar e com o negro da rocha é perfeita. Para além daquele lugar nos fazer crer que somos uns fotógrafos fantásticos e com um olhar apurado

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- ou talvez não (já estão a ver porque tiro muitas fotos eu própria e porque algumas delas, posso confessar, são selfies) -

 

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tornando-se um paraíso para um fotógrafo é também um paraíso para um geólogo ou para um professor de geologia ( se alguém tiver necessidade de mostrar esta minha carta a ALGUÉM nesta área, para quiçá incuti-lhe algum entusiasmo pela viagem à ilha, faça o favor).

É um sítio fantástico, IMPERDÍVEL, muito sossegado, com uma promenade que lhe permite ver toda esta paisagem inacreditável e com uma Casa do Rum que pode visitar se tiver tempo. Amei este lugar! É o meu preferido de toda a ilha, dentro de todos aqueles onde podia viver, porque há outros, como irá ver/ler que são os meus preferidos mas onde não podia viver, porque não vive lá ninguém.

Rumo a Santana, (já não sei se era destino ou se apenas lugar de passagem neste dia, mas penso que era apenas lugar de passagem) onde vimos algumas casinhas típicas desta região e que acabaram por se transformar nas casinhas típicas da Madeira. As casinhas que vimos não eram aquelas que se vê na televisão e que são lojas de produtos locais. Aqui também ninguém vive, mas também não é o local de trabalho de ninguém.

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 Eram 15.30 quando por aqui passamos e como ainda tínhamos muito para ver, decidimos continuar viagem e voltar aqui no dia seguinte (seria necessário mais do que um dia para aquela área). O destino era Ribeiro Frio para fazer a nossa primeira vereda: a Vereda dos Balcões. Pelo caminho, ainda demos uma boleia a um casal de mochileiros belgas. A estrada que nos leva dali a Ribeiro Frio é pitoresca mas perigosa. Descidas íngremes, curvas apertadas e vistas deslumbrantes. Ainda consegui tirar esta foto de Porto da Cruz e da Penha D'Águia, o morro que se vê lá ao fundo e que serviu de pano de fundo para as belíssimas fotos tiradas em Porto da Cruz.

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Estacionámos em Ribeiro Frio, junto ao café/restaurante Faísca e perto da paragem de camionetas. Os mochileiros seguiram o seu rumo, procurando um autocarro que os levasse já não sei para onde. Nós, por outro lado, parecia que afinal não iríamos a lado nenhum. Fomos informados que, devido ao tempo meteorológico (céu encoberto e algum nevoeiro) não iríamos aproveitar plenamente o percurso e a vista da vereda. Quem nos informou foi um senhor, com idade para ser meu avô, que se encontrava sentado junto ao café, alegremente informando os turistas disto e daquilo. Quando vier fazer esta vereda, não se esqueça de passar por este café. Pode ser que tenha a sorte de encontrar este tão amável e prestável senhor.  E com isto se comprovam as vantagens de conversar com os locais. Felizmente, o conhecimento que o senhor em questão sabia da zona que habitava salvou-nos. Se não o tivéssemos encontrado, teríamos feito a vereda e teríamos ficado dececionados. E se alguém nos tivesse dito apenas para não a fazer devido ao tempo, teríamos voltado ao hotel. Os conselhos não se esgotaram ali. Deu-nos mais um: apesar do intenso nevoeiro que se instalava na zona baixa de Ribeiro Frio, devíamos subir até ao Pico do Arieiro. Lá de certeza encontraríamos bom tempo.

Depois de uma curta visita a um viveiro de trutas, recomendado pelo senhor, mesmo ao virar da curva, lá fomos nós pouco convencidos de que uma vez lá em cima o tempo estaria melhor. É que o nevoeiro adensara-se e apesar de conferir um misticismo à paisagem e à vegetação, que também se adensara, deixava-nos mais céticos em relação ao Pico do Arieiro.

Mas eis que, de repente, a vegetação torna-se mais baixa e mais escassa e as nuvens deixam-nos para dar lugar a um céu azul, completamente aberto, e a um sol de verão. Estava efetivamente muito quente.

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 O branco que mais parece neve ou uma embalagem de algodão-em-rama é mesmo o nevoeiro intenso que cobria aquela região da Madeira. Sob o nevoeiro escondia-se Ribeiro Frio. Foi de lá de baixo que viemos. E era para lá que teríamos que voltar.

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 O Pico do Arieiro com 1818 metros de altitude é o terceiro pico mais alto da ilha, depois do Pico Ruivo (1861 m) e do Pico das Torres (1851 m). Completamente acessível através de automóvel, no seu cimo encontra-se uma pousada, um café e uma loja de venda de souvenirs, assim como um miradouro.

 

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 Não é lindo este local?

Ora aqui está mais um dos meus locais preferidos de toda a ilha. Pena não haver por lá umas casinhas... clique aqui

 

 

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Também aqui se pode fazer caminho pedestre que comunica com o Pico Ruivo.

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O percurso de 7km demora três horas e meia e atravessa vários túneis escavados nas montanhas. É fantástico. Não o fiz mas fartei-me de ver vídeos. Coincidência ou não, quando estava no início da recolha da informação para a minha viagem vi um documentário sobre este percurso feito por portugueses que me deixou curiosa. Não encontrando esse documentário no youtube deixo aqui um vídeo que penso poder mostrar a beleza do percurso. É claro que a segurança do visitante deve estar em primeiro lugar e deve, enquanto turista consciente, certificar-se que está apto a fazer o percurso sem descuidar a sua segurança. Poderá sempre fazer este e outro tipo de percursos acompanhado por profissionais: Pico do Areeiro - Pico Ruivo.

A "escadaria" que surge desde a bola branca é o início do percurso.

 

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 Saímos do topo, já perto das 19h, sentindo-nos no topo do mundo...

 

 

 

 

 

 

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