Irlanda - 1º dia
Caro leitor,
Preâmbulo - quiçá desnecessário tendo em conta muitas das anteriores cartas, mas que terá lugar, nevertheless.
Os 2000 km e os 10 condados são possíveis de serem visitados em 10 dias. Como? Com um plano bem elaborado. Aqui ficam umas breves dicas do que é importante:
- encontrar a melhor rota que passe por todos os lugares que quer ver;
- selecionar alojamento de acordo com a rota;
- destacar para o volante condutores competentes, que não se atrapalhem com a condução pela esquerda e que consigam fazer 80 km por hora nas estradas muito apertadinhas, e assim chegar aos locais cedo;
- começar o dia cedo, para ver mais e chegar aos locais sem grande presença humana.
Todas as minhas grandes viagens foram fruto de planos bem elaborados. Mas não pense o leitor que estou sempre a correr de um lado para o outro sem tempo para apreciar a vista. Desde que tudo bem planeado, há tempo para tudo. E houve muito tempo para desfrutar.
2000 km e 10 condados da Irlanda parecem impossíveis de se fazer para o leitor/viajante comum sem que se ande a correr de um lado para o outro. Mas se continuar a ler, vai ver que não só é possível, como é muito fácil.
Dia 26 de julho 2019 (1º dia) Dublin-Glendalough-Rock of Dunamase- Kilkenny
Aeroporto do Porto - 3.30 da manhã. Voo às 5h10 para Lisboa (TAP).
Aeroporto de Lisboa - 7.05 hora prevista de descolagem rumo a Dublin. O nosso voo (TAP) de Lisboa sofreu um atraso de quase 1 hora, mas aterramos às 10h30 no aeroporto de Dublin.
Levantámos o carro na agência de aluguer no aeroporto - 10/15 minutos ao balcão - e rumámos ao condado Wicklow para passar parte da tarde em Glendalough. A viagem demora 1 hora. Chegámos às 12h30.
Glendalough
Glendalough (Gleann Dá Loch) , cujo nome quer dizer vale dos dois lagos, é um vale glaciar de extrema paz e serenidade. A beleza advém das inúmeras facetas que ele contém - lagos, trilhos, ruínas, histórias e lendas - e a serenidade advém da magia do local.
O local possui dois parques de estacionamento, perto dos lagos, e áreas de restauração. O visitante pode, por 5 euros, ficar a conhecer um pouco mais da história monástica daquele sítio entrando no visitor's centre ou vaguear gratuitamente por todo o terreno.
O dia estava deveras agradável: céu azul, com poucas nuvens e muitos foram os que escolheram aquele local para visitar ou simplesmente passear com a família. Mesmo com muitos visitantes, nunca encontrará por lá uma multidão. Há muita área a descobrir onde os visitantes se diluem. Quem visita o lugar vai sem dúvida pela beleza natural mas também pelo valor monástico. St. Kevin fundou o mosteiro ali no século VI e ainda hoje se vêem as construções da época, algumas das quais apenas ruínas. Se estacionar perto do Visitor Centre, vai ver logo a imponente torre redonda. Aliás é impossível perdê-la de vista.
É nesta parte, perto do Lower Lake que se encontra o aglomerado mais significativo de ruínas, logo depois de uma pequena ponte de madeira que proporciona fotos memoráveis. Percorra as ruínas e explore o cemitério, focando a sua atenção nas cruzes celtas.
St. Kevin's church and kitchen
Demore o seu olhar na catedral e na torre redonda e entreveja a paisagem que se esconde por detrás do cemitério.
Cathedral
Depois caminhe mais um pouco e decida o caminho a tomar: o "green walk" (caminho verde) ou o "boardwalk" (passadiço). Recomendo que faça os dois e depois apaixone-se por qualquer um deles. O "boardwalk" permite-me visualizar a grandiosidade do lugar e tirar fotos mais abrangentes e com uma luminosidade fantástica.
O "green walk" protege-o mais do sol e é mais por dentro da floresta, mas proporciona vistas para o lago. Também é o mais popular.
Ambos imperdíveis e ambos o levam ao Upper Lake.
Assim isto é o que poderá contar dentro do parque:
1. Visitor Centre
2. The Gateway
3. Round Tower
4. The Cathedral
5. St Kevin's Kitchen
6. St. Kevin's cross
7. The Priest House
8. St Kieran's Church
9. Trinity Church
10. The Caher
11. The Reefer Church
12. Glendalough lower and upper lakes
13. Cave - que não vi
Encontrará também um pequena cascata perto do Upper Lake e trilhos para percorrer, entre eles The Wicklow Way.
3 horas são suficientes para percorrer o parque e fazer um piquenique rápido.
Daqui partimos para Rock of Dunamase, cenário do filme Leap Year. 80 km de caminho e menos de 1 hora. Por aqui as estradas são mais rurais, mas como não há muito movimento, fazem-se bem. Chegámos ainda não eram 16 horas.
Leap Year
Encontrámos esta antiga fortificação celta praticamente deserta, com um casal de turistas a descer a encosta, prontos a partir, pelo que a tivemos só para nós, como muitos outros monumentos nos dias seguintes.
Inclua este desvio na sua rota. O monumento é mais bonito de longe, aparentando as ruínas estarem mais próximas umas das outras. Só chegando lá em cima se apercebe que estão bastante dispersas. Mas a subida valerá a pena, se não pelo monumento em si, pelas vistas.
Há um estacionamento junto da igreja que se vê nas fotos, lá em baixo.
Demorámos por aqui 30 minutos - tempo suficiente para as ruínas.
80 km depois estávamos no nosso alojamento a 15 km do centro de Kilkenny. Demorámos algum tempo a chegar lá - o GPS fez-nos percorrer estradas rurais literalmente no meio de nada. O alojamento foi uma agradável surpresa. Ficámos numa cabana de madeira muito pitoresca e com uma decoração muito fofinha (à falta de melhor palavra).
Cozy Countryside Log Cabin, Kilkenny.
Não conhecemos a nossa anfitriã, porque estava de férias. Mas sentimo-nos bem recebidas desde o primeiro momento. Para se aperceberem de quão pacata é a a vida ali, a senhora deixou a chaves da cabana na porta.
Como chegámos cedo, resolvemos explorar Kilkenny antes do jantar.
Kilkenny é uma cidade imperdível. É muito bonita com as suas casas coloridas, à semelhança de outras cidades. vilas irlandesas, mas possui muita história.
Rodeada pelo calmo rio Nore, Kilkenny contém em si inúmeros monumentos e pitorescas fachadas de edifícios. Cidade há mais de 400 anos, Kilkenny acolhe a equipa de hurling mais bem sucedida da Irlanda e por isso a homenagem em forma de escultura, nas margens do rio Nore, junto a St. John's bridge, com o castelo como pano de fundo.
Também perto de St. John's bridge está situado o restaurante onde jantámos. Matt The Millers estava incluído no percurso devido às inúmeras recomendações no ciberespaço. Não desiludiu. As recomendações no ciberespaço são totalmente verdadeiras. Matt The Millers possui está situado junto à S. John's bridge oferece excelente comida a preços muito semelhantes aos de cá, acompanhada de um bom serviço e música local.
Uma salada muito bem temperada. Apetitosa!
Been and Guiness Stew. Delicioso - jura, quem provou.
Antes e depois do repasto percorremos as ruas do centro, algumas ruelas medievais que fazem parte do Medieval Mile, e procurámos em vão a Butterslip Lane. Encontrá-la só no outro dia, quase sem contar.
Saímos do centro de Kilkenny rumo ao alojamento contentes e já com muitas memórias a encher-nos o coração. Mas Kilkenny ainda não estava explorado. No dia seguinte, percorreríamos as suas ruas, conversaríamos com os locais que nos dariam informações preciosas, e mais uma vez nos deslumbraríamos com a serenidade que por ali imperava. E no final, despedir-nos-íamos com saudade da cidade que mais parecia vila.
P.S. Kilkenny, I love you.