Irlanda - 5º dia
Caro Leitor,
Dia 30 - Skellig Michael -Kerry Cliffs - Castelos e fortes - Gap of Dunloe
Um dos grandes dias! O dia em que viajaríamos até Skellig Michael, sítio de grande valor histórico, estético, mas também de grande valor cultural - pop cultural (algumas das cenas mais surpreendentes da nova saga da Guerra das Estrelas foram filmadas neste local).
A viagem de barco estava reservada para as 9 horas, mas tudo estava em aberto até ao dia da mesma. Caso as condições meteorológicas fossem desfavoráveis, esta viagem seria rapidamente cancelada. No dia anterior, informaram-nos que a viagem tinha sido antecipada para as 8 horas da manhã.
O nosso B&B encontrava-se a 15 minutos do porto, o que implicaria sair cedo e sem pequeno-almoço não fosse a simpatia do casal anfitrião que nos preparou algo para tomar.
Ainda tivemos direito a show de magia e sessão de guitarra por parte do anfitrião (foto supra), que seriam encarados de outro modo caso não estivessemos com muita pressa - ou talvez não!
O porto que escolhemos foi o de Portmagee e é facil de encontrar. O local possui algumas lojas de lembranças e restaurantes, parque de estacionamento gratuito e casas de banho.
A viagem até à ilha demora 1 hora e, dependendo do estado do mar, pode ser complicada para quem enjoa (e para quem não enjoa). Por isso, tome um comprimido para o enjoo, pelo sim pelo não, e prepare-se para uma viagem que em alguns aspetos se assemelha uma montanha russa.
A passagem do barco para terra (degraus) pode ser complicada, mas ouça e siga as instruções.
Uma vez na ilha, o guia do barco acompanha-nos ao inicio dos perigosos degraus para subir até ao topo de Skellig Michael. Aqui, informam-nos das medidas de segurança a tomar e do modo correto de subir e descer a ilha montanhosa. Também nos disseram que éramos uns sortudos - yet again - pois ainda teríamos oportunidade de ver os puffins antes destes partirem. O dia em que atracamos seria o último dia destes fofinhos animais da ilha.
A subida e descida não são assim tão perigosas ou assustadoras como a Internet faz transparecer, mas deverá fazer o percurso com cuidado e calma, ao seu próprio ritmo. Pode ir tirando fotos e filmando, há aliás patamares que lhe permitirão descansar com mais segurança. São 600 degraus que poderão ser assustadores para alguns mas a beleza que oferecem bate qualquer medo.
Encontrará muitas oportunidades para fotografar os puffins, que mais parecem modelos profissionais mantendo a pose e permanecendo imóveis para que consigamos uma foto perfeita.
Uma vez lá em cima, terá um outro guia à sua espera que lhe conta a história do local.
A serenidade do momento, o tom calmo da guia, o sol que começava a aquecer-nos, tudo parecia querer fazer com que ficássemos por lá mais tempo, como se de tudo o resto tivesse sido esquecido e só existisse aquele momento.
A contextualização histórica dura cerca de 20 minutos e é essencial para quem chega sem nenhum conhecimento. Depois tem algum tempo para percorrer o sítio, tirar fotos e comer algo - nos locais designados.
No regresso, mais uma vez os degraus, agora muito mais preenchidos por turistas - chegar à ilha na primeira viagem de barco do dia é mesmo essencial - e os puffins. A duração da visita é de 3 horas, tempo suficiente para explorar. De relembrar que não há casas de banho e todo o lixo que fizer deverá trazê-lo consigo.
A viagem de regresso de barco continuou agressiva (choppy), mas se no trajeto para a ilha a ansiedade e o desejo de aventura pesava mais do que o medo/enjoo, agora no regresso, as memórias pesavam bem mais do que o mar revolto. Na viagem de regresso, terá oportunidade de ver melhor a outra ilha - Little Skellig.
É tempo de regressar a terra. É tempo de descer das nuvens.
Depois de um almoço rápido, seguimos para os Kerry Cliffs de Portmangee. Pelo caminho, poderá ainda visitar a loja dos Skellig Chocolates. Os Kerry Cliffs situam-se a 2 km de Portmangee e paga-se para estacionar pois o terreno que dá acesso aos penhascos é privado. No entanto, não deixe que os 4 euros os desmotive. Vale bem a pena a passagem por lá. É uma caminhada de 10 minutos até a um dos miradouros - os penhascos possuem 3, com três níveis e vistas diferentes.
As vistas são muito bonitas e a caminhada para percorrer todos os miradouros deixa-lo-á aproveitar a paisagem. Reserve 1 hora para este local. Há um pequeno café no estacionamento que serve uns deliciosos scones.
Seguiram-se depois umas ruínas: as primeiras pertencentes ao castelo Ballycarberry. Tente tirar pelo menos uma destas fotos, e depois avance até pertinho das ruínas. Não poderá chegar muito mais perto pois está vedado.
As próximas ruínas pertencem a Cahergal Stone Fort. A 1 km do castelo anterior, é impossível não parar aqui para admirar a construção circular. Lá ao fundo, verá o castelo Ballycarberry
e do outro lado um outro forte, desta vez Leacabuaile Stone Fort que acabámos por não visitar.
Aqui perto poderá ainda ver a praia Rossbeigh Strand, perto de Glenbeigh, e o Kerry Bog Village Museum que contém casas de colmo num recinto fechado. Nós seguimos estrada,
em direção à famosa, belíssima, Gap of Dunloe.
Dizer que é uma bonita estrada no meio de montanhas é redutor. Esta estreita estrada estende-se por 11km e atravessa as montanhas MacGillycuddy. As fotos não lhe fazem justiça.
Talvez o vídeo que fiz faça jus à experiência vivida ali, naquele lugar tão mágico!
Gostámos tanto da estrada que a fizemos duas vezes. Bem, na verdade tal deveu-se ao facto de que o melhor caminho para o nosso destino era mesmo voltar para trás. Fizemos então a Gap of Dunloe duas vezes (twice the fun) não sem antes passarmos por propriedade privada. Soooooo sorry! (Em nossa defesa, o GPS mandou-nos por lá).
A Moll's Gap também me parece interessante, mas foi retirada do plano pois sabia que não iria conseguir ver tudo. Do plano também constava o miradouro Ladies View e, se ainda houvesse tempo, Muckross Abbey e Muckross Lake. Caso não tivéssemos tido oportunidade de ver a ilha, poderíamos passar algum tempo em Muckross House (bilhete para a casa 9,25 euros, mas os jardins são gratuitos) ou simplesmente ver a Torc Waterfall que fica a 200 metros deste local. Infelizmente, já estava na hora de chegarmos ao nosso próximo alojamento, pelo que rumámos a Killarney para explorar a cidade.
Sem dúvida, o condado de Kerry foi o mais bonito que visitei. Possui tudo o que gosto - ilhas, lagos, montanhas, verde, cidades e vilas pitorescas, um ritmo bucólico (aos olhos do turista, é claro) e se um dia voltar à Irlanda, voltarei aqui.
P.S. I love you, Gap of Dunloe!