Mudam-se os tempos, mudam-se as loucuras
Caro Leitor,
Andam por aí, espalharam-se não sei bem como, umas bugigangas, o novo must-have dos miúdos (e talvez dos graúdos). Todos os miúdos, pré-adolescentes e adolescentes, falam neles, todos querem um ou têm já um e na sexta passada só na minha aula confisquei alguns e ao todo contabilizei 5 - naquele dia estavam apenas 11 alunos na minha aula.
Chamam-se Fidget Spinners e pelo nome acredito que o meu aluno tinha razão quando me explicou que é um "brinquedo" anti-stress e que acalma o aluno.
"Ó teacher, os professores podiam deixar-nos estar com isto na aula. Mais vale do que estar a balouçar na cadeira ou com outros tiques. Relaxa-nos.", disse o R. em tom sério e pronto a atestar cientificamente as suas afirmações. O R. tem 10 anos, mostra alguma dificuldade em manter-se concentrado na aula e tem exibido alguns desses "tiques".
Mas os meus alunos de 14 anos mostram-se ainda mais obcecados. E não são só os rapazes. A primeira vez que vi a engenhoca foi nas mãos de uma rapariga.
"Ó teacher, olhe." - como se me fosse mostrar o seu bem mais precioso.
E é vê-los girando o fidget, equilibrando-o nas mais diversas superfícies, comparando-os com os colegas, fazendo concursos, procurando não o perder de vista, não vá a engenhoca, que mais parece uma nave espacial, voltar para o planeta de onde veio...
É a nova loucura, but this too shall pass... Como passou a moda do ioiô
,
da mola maluca
e de tantas outras.
Inicialmente achei o brinquedo inútil e a loucura à volta dele ridícula, mas também nós, enquanto crianças, não experienciámos algo parecido com uma geringonça qualquer? Será que os nossos pais também nos olhavam de soslaio e questionavam a nossa sanidade mental?
Bem, pode ser um brinquedo infantil - já o vi no primeiro ciclo, no segundo e no terceiro ciclo, mas de certeza que alguns meninos do pré-escolar também já o têm - mas mais vale esta brincadeira infantil e inofensiva do que um jogo de um mamífero marinho gigante de cor azul.