Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]

Letters and words

Letters and words

STRANGE TRAILS

 Caro Leitor,

A segunda incursão dos Lord Huron foi, como o próprio nome indica, por um trilho desconhecido, se não estranho, pelo menos diferente - " a journey to the unknown" como escreve o vocalista. Mais pessimista, mais negro, mais negativo, na sua visão do mundo. O próprio vocalista/autor/compositor escreve "I had a vision tonight that the world was ending" e " now the darkness got a hold on me".

Segundo a generalidade da crítica, este segundo álbum consegue atingir o pretendido mais do que o álbum de estreia que, para alguns, se revela demasiado homogéneo e algo sonâmbulo nos tempos e melodias . Sim, é verdade que neste segundo álbum, a banda movimenta-se por vários estilos. A faixa "La belle fleur sauvage" inicia-se para mim, que sou portuguesa, com um toque a fado, mas rapidamente avança, primeiro a trote e depois a galope, para aquele pôr do sol daquela que fora em tempos a última fronteira americana.

Há ritmos agitados, mais convidativos à dança, como por exemplo a faixa "Until the night turns". Aliás, o álbum está permeado de bons exemplos de músicas dançáveis. Músicas que me remetem para as sonoridades dos anos 50, onde se dançava de modo desinibido ao som da guitarra e as nossas pernas ganhavam vida própria, alternadamente. É disso exemplo o single "Fool for love". Aqui também queremos mexer os ombros e bater, ocasionalmente, as palmas.

Deste álbum, gosto muito da faixa" Meet me in the woods", talvez porque a precursão confere o ritmo, talvez por causa da poesia por detrás da letra. Talvez por causa deste verso "Show me yours and I'll show you mine" - .Talvez.

Contudo, o primeiro álbum é o meu preferido. Gosto da sonoridade sonâmbula de algumas canções - e por isso a perfeição do título "Lonesome Dreams". Gosto dos ritmos calmos, inspiradores, tropicais e longínquos. Gosto das diferentes formas de precursão que atravessam e se destacam no primeiro álbum. No segundo álbum, o percussionista Mark Barry passa despercebido, o que, na minha opinião é uma pena.

Mantém-se o aspeto visual da banda na conceção das capas dos álbuns e nos postais (ver site da banda). Mantém-se também o tom confessional de algumas músicas e as influências das viagens do vocalista Ben. Mantém-se o espirito dos Lord Huron, ainda que a banda tenha seguido por trilho diferente o destino será o mesmo.  Caminhe por este trilho durante quase uma hora e julgue por si mesmo:  https://www.youtube.com/watch?v=WiwWgN5O3WQ .